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Entre a esperança e a tensão


Os mercados internacionais iniciam a semana otimistas em relação a uma solução para a crise da dívida da Grécia, após o país mediterrâneo apresentar mais uma proposta - tida como uma “boa base para o progresso”, conforme o porta-voz da Comissão Europeia, Martin Selmayr, em uma postagem no Twitter. Ele também se referiu, em alemão, ao início do plano como um “nascimento por fórceps”, o que fortalece o euro.

As esperanças por um acordo com Atenas traz euforia às bolsas desde a Ásia, onde as praças que abriram, subiram, após o novo plano grego afastar o “Grexit”, mas ainda no aguardo da reunião de emergência que ocorre hoje e que pode decidir o futuro da nação na zona do euro. No Ocidente, Frankfurt e Paris têm ganhos de mais de 3%, de olho nesse encontro em Bruxelas, ao passo que Wall Street já aponta para um dia de alta firme. Ainda assim, os investidores mostram certa hesitação, com muitos adotando uma postura de “esperar para ver”, à medida que os líderes europeus se reúnem nesta segunda-feira.

Já no Brasil, os negócios locais devem embutir nos preços os mais recentes capítulos da tensão no cenário político. Após a prisão de presidentes de empreiteiras no âmbito da Operação Lava Jato, na sexta-feira passada, os ativos domésticos podem ser influenciados hoje pelos números da pesquisa Datafolha, divulgada no fim de semana após coleta em 174 municípios do país entre os dias 17 e 18 de junho.

Segundo o levantamento, 65% dos eleitores consultados avaliam o governo Dilma como “ruim” ou “péssimo”, na maior taxa de impopularidade da presidente desde o início de 2011. Na série histórica, o porcentual de reprovação só não é maior que o alcançado pelo ex-presidente Fernando Collor de Melo em setembro de 1992 (68%), poucos dias antes do impeachment. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos porcentuais.

Hoje, a presidente Dilma Rousseff reúne-se, pela manhã, com o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Com isso, a tradicional reunião de coordenação política ocorrerá à tarde, às 15 horas, e o esquema de corrupção envolvendo a Petrobras pode ser tema dos encontros, em meio às operações da Polícia Federal. Veicula-se na grande imprensa que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria o próximo alvo da PF.

Entre um compromisso e outro, Dilma participa ainda de cerimônia de lançamento do plano safra de agricultura familiar. Aliás, o agronegócio brasileiro amanhece com uma novidade. A JBS comprou por US$ 1,5 bilhão uma das principais empresas de alimentos prontos da Europa, a Moy Park, pertencente à Marfrig.

Não se trata do primeiro acordo entre as duas empresas brasileiras. Há alguns anos a família Batista comprou a Seara, também da Marfrig. Agora, a JBS adquire uma empresa que teve faturamento de R$ 1,5 bilhão no trimestre passado, o que representa 26% do total de receita líquida da Marfrig. Com presença no Reino Unido, França e Holanda, a Moy Park tem ainda uma parceria com o renomado chef de cozinha Jamie Oliver.

Ainda no âmbito doméstico, a agenda econômica traz o Boletim Focus do Banco Central, às 8h30, e os números semanais da balança comercial, às 15 horas. Antes, às 10h30, o BC volta à cena para divulgar a nota do setor externo em maio. As estimativas para o déficit em conta corrente geraram uma mediana ao redor de US$ 4,5 bilhões, saldo negativo que não seria totalmente financiado pelo investimento estrangeiro direto (IED) no país, cuja mediana das expectativas gira em torno de US$ 4,2 bilhões.

Já no exterior, a segunda-feira reserva dados do setor imobiliário norte-americano, mas o destaque na semana fica com a terceira e última estimativa do Produto Interno Bruto dos Estados Unidos no primeiro trimestre deste ano, na quarta-feira. Na sexta-feira, tem ainda a leitura final do sentimento do consumidor no país em junho.

Na zona do euro, a preliminar do mês desse mesmo dado é esperada para hoje, às 11 horas. Mas as atenções por lá estão mesmo concentradas no dia cheio de reuniões entre gregos e líderes europeus. Com quatro horas à frente em relação ao horário de Brasília, o Conselho do Banco Central Europeu (BCE) já teve um encontro em que discutiu a situação do setor bancário grego e foi definido um aumento do empréstimo emergencial aos bancos.

Depois, ocorreu uma reunião entre o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, e a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, além dos presidentes do BCE, Mario Draghi; da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem. Na pauta, as novas propostas de reforma de Atenas.

Há pouco, começou o encontro dos ministros de Finanças da zona do euro, onde, enfim, pode ser assinado um acordo de resgate da dívida da Grécia. O anúncio, porém, deve ficar apenas para o início da tarde, no horário de Brasília. A conferir.

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