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Meio cheio ou meio vazio?


Os mercados financeiros estão tentando ver o copo “meio cheio”, neste dia seguinte à reunião do Federal Reserve, mas as preocupações com a dívida da Grécia esvaziam essa visão mais otimista, antes do encontro de ministros de Finanças da zona do euro, hoje.

Até mesmo o Banco Central brasileiro mostrou-se mais aliviado com as sinalizações feitas pela autoridade monetária norte-americana, ontem, e reduziu, mais uma vez, a oferta de swap cambial em leilão já nesta quinta-feira. Diante da afirmação de que o Fed está a caminho de elevar a taxa de juros dos Estados Unidos uma ou duas vezes ainda neste ano, mas com um ritmo mais suave que o estimado anteriormente, o BC brasileiro vislumbrou a possibilidade de uma intervenção ainda menor no dólar.

A oferta de contratos de swap cambial, em leilão, cairá hoje de 6,3 mil para 5,2 mil. É válido lembrar que o BC iniciou a rolagem do lote que vence em julho com a oferta diária de 7 mil contratos. Esse fator, por si só, deve determinar um dia de desvalorização do real, mas os negócios locais também estão atentos aos desdobramentos em Brasília no âmbito do ajuste fiscal.

A Câmara dos Deputados deixou para esta quinta-feira a análise do projeto de lei que reduz a desoneração da folha de pagamentos – tido como “imprescindível”, para o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Segundo ele, é importante que a proposta seja aprovada sem a exclusão de nenhum setor da economia.

Ontem à noite, a Casa aprovou a Medida Provisória (MP) 670, que corrige a tabela do Imposto de Renda, mantendo o reajuste escalonado proposto pelo governo. O texto segue, agora, para o Senado.

Já a presidente Dilma Rousseff vetou, como esperado, a emenda que flexibiliza o fator previdenciário e enviará uma nova MP ao Congresso, com um cálculo progressivo para as aposentadorias, baseado na expectativa de vida da população. Na agenda de eventos e indicadores econômicos domésticos do dia, há poucos destaques, o que desloca o foco para o exterior.

Os índices futuros das bolsas de Nova York oscilam entre margens estreitas nesta manhã, ora com um viés positivo, ora com um tom negativo, com os investidores ainda absorvendo a mensagem deixada pelo Fed, ontem. A autoridade monetária sinalizou que, quando o processo de normalização da taxa de juros for iniciado, o ritmo de alta será em pequenas doses - conforme demonstrado pela redução da projeção do juro médio para 2016 e 2017.

A avaliação do Fed é de que a atividade econômica dos EUA segue melhorando, mas ainda não reúne as condições necessárias para uma elevação do juro básico, neste momento. Além disso, o colegiado do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) mostrou-se dividido em relação a um ou duas altas dos Fed Funds em 2015, sendo que há apenas mais três reuniões programadas (setembro, outubro e dezembro) no ano.

As atenções se voltam, então, para os dados do dia, com destaque para os números da inflação ao consumidor norte-americano (CPI) e também para os pedidos semanais de auxílio-desemprego, ambos às 9h30.

Já na Europa, as principais bolsas da região recuam, aprofundando a onda vendedora de ativos mais arriscados que impera neste mês de junho. O índice Stoxx Europe 600 acumula um tombo de quase 5% no período, tendo perdido mais valor de mercado desde o pico em abril do que a queda acumulada pelos índices referenciais de Espanha, Portugal e Irlanda, juntos.

Ou seja, as incertezas em relação à Grécia estão azedando o humor dos investidores ao risco europeu, o que também provoca uma queda no juro do bund alemão de 10 anos, a 0,77%, mais cedo. O euro, por sua vez, oscila na marca de US$ 1,14, em meio a especulações de que ministros europeus irão se esforçar para resolver a crise da dívida grega, em reunião hoje, em Luxemburgo.

Apesar de verem o copo “meio vazio” em relação ao encaminhamento da questão, a chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou, pela manhã, que um acordo com a Grécia ainda é possível, desde que Atenas siga com as promessas de reformas econômicas feitas aos credores internacionais. Em contrapartida, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, afirmou que está pronto para assumir a responsabilidade por uma eventual rejeição do acordo financeiro.

Autoridades da Holanda e Portugal já falam abertamente que estão se preparando para um colapso nas negociações com a Grécia, o que pode perturbar o bloco da moeda única. Portanto, o encontro de hoje é tido como a última chance para que o governo grego chegue a um consenso para liberar pouco mais de 7 bilhões de euros em ajuda.

Por fim, na Ásia, o dia foi de perdas. O movimento foi liderado pela queda de quase 4% da Bolsa de Xangai, que caminha para a pior semana desde fevereiro de 2009, uma vez que a onda de IPOs por lá está enxugando os recursos para os negócios com ações. A Bolsa de Hong Kong caiu 0,2%, enquanto a de Tóquio recuou pouco mais de 1%.

No Pacífico, a Bolsa de Sydney fechou com -1,3%, ao passou que uma expansão econômica menor que o esperado da Nova Zelândia nos três primeiros meses do ano levou a uma queda de 0,5% do índice NZX50.

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