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O dia depois do feriado


A sexta-feira espremida entre o feriado ontem e o fim de semana deve ser deve ser mais fraca em termos de negócios, apenas. Pois em relação ao noticiário, o dia está carregado.

Antes mesmo de conhecer o aguardado relatório oficial sobre o emprego nos Estados Unidos (payroll) em maio, às 9h30, os investidores já amanheceram nervosos. Aliás, desde ontem, uma onda vendedora varre os mercados de ações norte-americano e europeu, ao mesmo tempo que trouxe alvoroço aos negócios com títulos soberanos e fortaleceu o dólar.

Essa onda de aversão ao risco formou-se no exterior após a decisão da Grécia de adiar o pagamento da parcela ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que vence hoje, “empacotando” todas as dívidas vincendas em junho e pagando-as de uma só vez, no fim do mês. A Grécia tem quatro parcelas, no valor aproximado de 300 milhões de euros cada, a serem feitas ao longo do mês e a proposta é de pagar toda a dívida, que chega a quase 1,7 bilhão de euros, até o dia 30.

O procedimento está previsto nas regras do Fundo, mas foi usado pela última vez pela Zâmbia, nos anos de 1990. Além disso, é a primeira vez, desde a década 1980, que um país adia um pagamento ao FMI.

Em reação, nesta manhã, a Bolsa de Atenas recuava mais de 3%, liderando as perdas entre as demais bolsas europeias. O rendimento (yield) do bônus grego de 2 anos subia a quase 24%, ao passo que o título soberano do país de 10 anos saltava 0,75 ponto porcentual, a 11,14%.

Nas demais praças da região, o índice Stoxx Europe 600 caía ao redor de 1%, mais cedo, caminhando para a primeira perda semanal desde janeiro. O CAC francês e o Dax alemão também perdiam cerca de 1%, cada. O FTSE, da Bolsa de Londres, caminha para a pior semana do ano.

Entre os bônus, o yield do alemão de 10 anos estava de lado, rondando a faixa de 0,9% e caminhando para a pior semana em mais de 16 anos, após subir até 0,996% ontem - na máxima desde setembro. Dessa forma, foi relegado o dado que mostrou aumento de 1,4% nas encomendas à indústria da Alemanha em abril ante março, superando a previsão de +0,5%.

O euro, por sua vez, avança para a casa de US$ 1,13, antes da divulgação do payroll. À espera desse dado, os índices futuros das Bolsas de Nova York ensaiam uma ligeira alta, após o Dow Jones e o S&P 500 perderem 0,9%, cada, na sessão regular de ontem. Na agenda norte-americana, além do payroll, tem crédito ao consumidor em abril, às 16 horas.

A expectativa é de que o mercado de trabalho norte-americano mostre outro aumento sólido na faixa de 200 mil vagas nos EUA em maio, com um avanço nos salários. A taxa de desemprego, por sua vez, deve seguir na mínima de sete anos, a 5,4%.

Os números devem calibrar as apostas em relação ao momento exato em que se dará a primeira alta dos juros na maior economia do mundo desde 2006. Ontem, indicadores mostraram que o movimento é cada vez mais provável neste ano.

Ainda assim, a presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, disse, há uma semana, que só agora, seis anos depois que a recessão nos EUA terminou, o mercado de trabalho está se aproximando de sua força total. “E digo se aproximando, porque não estamos lá ainda”, ponderou Yellen, em discurso na última sexta-feira.

Para o FMI, o Fed não dever subir as taxas de juros até o primeiro semestre de 2016. A declaração foi feita ontem pela entidade, que cortou a previsão de crescimento dos EUA pela segunda vez em três meses, e as bolsas em Wall Street até chegaram a ensaiar uma melhora, mas logo apagaram os ganhos.

Praticamente alheia a todo esse noticiário internacional está a China. O índice Xangai Composto ultrapassou a barreira dos 5 mil pontos pela primeira vez desde 2008, no mais recente marco do maior rali do mundo neste ano. A Bolsa chinesa subiu 1,5% hoje e 8,9% na semana - a maior alta para o período desde dezembro.

Os demais mercados da região Ásia-Pacífico, porém, caíram. O japonês Nikkei caiu 0,13% e, em Hong Kong, a baixa foi de 1,06%. A Bolsa da Coreia do Sul cedeu 0,2% e, na Austrália, a de Sydney recuou 0,1%.

Entre os mercados emergentes, o índice MSCI tinha queda nesta manhã, em Londres, em direção ao décimo declínio consecutivo - na pior sequência de perdas em 18 meses (desde novembro de 2013). Já o petróleo é negociado na mínima em uma semana, em meio a uma reunião crucial do cartel da commodity (Opep), que deve optar por não reduzir a produção de barris.

No Brasil, os mercados voltam da pausa da véspera tendo ainda para repercutir a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), na noite de quarta-feira, de elevar a taxa Selic pela sexta vez seguida, para 13,75%. A reação ao anúncio em si tende a ser marginal, uma vez que a decisão foi unânime e alinhada à expectativa dos investidores.

Resta saber, agora, se ao manter o conteúdo do comunicado que acompanhou a decisão, o Copom estaria sinalizando que não encerrou o ciclo de alta dos juros básicos. E, ainda, quanto mais alongado será o atual aperto monetário. Daí, as dúvidas seriam se tal manutenção da redação garantiria mais uma alta de 0,50 ponto porcentual - ou se haveria uma redução no ritmo, para 0,25pp.

A agenda econômica doméstica está vazia hoje, o que desloca as atenções para Brasília. A presidente Dilma Rousseff passou o feriado ao telefone, tocando os detalhes do plano nacional de concessões, que deve ser anunciado na próxima terça-feira. Hoje, ela reúne-se com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, às 16 horas. Antes, pela manhã (10h), recebe o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva.

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