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Ajuste avança, mas exterior se retrai


O ajuste fiscal avança no Senado e é comemorado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, mas o ambiente internacional não está propício para festividades hoje, em meio às preocupações com a dívida da Grécia e quanto ao timing do Federal Reserve para elevar os juros nos Estados Unidos. O tombo da Bolsa da China também traz tensão aos negócios globais. Diante desse noticiário do dia com altos e baixos, o pregão local desta quinta-feira deve se balançar em um intenso vaivém.

No Brasil, com menos dificuldade do que na votação de terça-feira, a Medida Provisória (MP) 664, que altera as regras de concessão do auxílio-doença e pensão por morte, foi aprovada ontem à noite na Casa, por 50 votos favoráveis a 18. A segunda MP do pacote de ajuste fiscal segue, agora, para a sanção presidencial.

No texto, os senadores mantiveram a proposta, incluída na Câmara dos Deputados, que acrescentou a alternativa ao fator previdenciário. Mas a presidente Dilma Rousseff ainda não se manifestou publicamente para dizer se irá (ou não) manter a fórmula alternativa ao fator.

Durante a campanha presidencial, é bom lembrar, ela se colocou contra o fim do fator e afirmara, na ocasião, que a medida seria “demagogia”, por não ter de onde tirar os recursos para bancar a proposta. Hoje, a agenda da presidente traz como destaque uma reunião, às 14 horas, com o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante.

Em nota, ontem à noite, o ministro Levy afirmou que a aprovação das MPs 664 e 665 pelo Senado “conclui um capítulo extremamente importante do trabalho de reequilíbrio fiscal do país”. Após os ruídos sobre a permanência do ministro no cargo, ele fez questão de mostrar, no texto, a satisfação do Ministério com “essa vitória, não só de todo o governo, mas principalmente do Brasil”.

Levy destacou, ainda, a “grandeza” demonstrada pelo Congresso “ao perceber a importância das medidas para reconduzir o Brasil ao caminho do desenvolvimento e dar-lhes efetividade”. Para o ministro, encerra-se este capítulo e almeja-se “sucesso também nos próximos”.

Aprovadas as duas primeiras medidas do ajuste no Congresso, o Senado ainda precisa apreciar a MP 668, que aumenta as alíquotas de PIS e Cofins para a importação de mercadorias. A expectativa é de que a análise e a votação do texto ocorra ainda nesta quinta-feira, o que pode manter os mercados domésticos em compasso de espera.

Na Câmara, a pauta continua sendo sobre a reforma política. A Casa aprovou ontem, em primeiro turno, o fim da reeleição para presidente da República, governadores e prefeitos. O texto ainda precisa passar por um segundo turno de votação e, depois, será submetido ao Senado.

Os deputados já aprovaram o sistema misto (público e privado) de financiamento de campanha eleitoral, com as doações sendo feitas aos partidos - e não diretamente aos candidatos. Hoje, devem ser votados novos itens sobre o tema.

Na agenda econômica de indicadores, o dia começa com a divulgação, às 8 horas, do resultado de maio do IGP-M, que deve registrar inflação de 0,40%, na mediana. No mesmo horário, sai também a sondagem do comércio.

Na sequência, às 9 horas, o IBGE informa o índice de preços ao produtor (IPP) em abril. Também é esperado para hoje o resultado primário do governo central no mês passado, quando deve ter registrado superávit de até R$ 15 bilhões.

Exterior. O calendário econômico no exterior traz novos dados sobre a economia norte-americana, que podem trazer pistas sobre o momento exato deste ano em que o Fed deve elevar os juros. Às 9h30, saem os pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos no país e, às 11 horas, é a vez das vendas pendentes de imóveis em abril.

Por enquanto, os índices futuros em Wall Street estão no negativo, com as preocupações sobre a primeira alta da taxa dos Fed Funds desde 2006 dificultando o apetite por ativos mais arriscados.

Aliás, o dia amanheceu vermelho para os mercados internacionais, diante do tombo de 6,5% da Bolsa de Xangai, na maior queda em quatro meses (desde 19 de janeiro). O fato é que o índice Xangai Composto vinha subindo a sete pregões consecutivos, tendo acumulado ganhos ao redor de 15% no período. A Bolsa de Hong Kong caiu 2,2%.

As perdas na China foram lideradas pelas ações do setor financeiro e de empresas ligadas às commodities, uma vez que houve aperto nas margens de negociações de ações. Além disso, o Banco Central chinês (PBoC) drenou a liquidez do sistema financeiro, por meio de operações regulares.

Já a Bolsa de Tóquio subiu 0,4%, na contramão do sinal negativo que prevaleceu nos mercados da região Ásia-Pacífico. Trata-se do décimo avanço seguido do índice japonês Nikkei - na maior sequência de ganhos desde 1998 - e o movimento ocorreu à medida que o iene tocou a mínima em 12 anos ante o dólar.

Entre as moedas europeias, a libra esterlina cai pelo quinto dia seguido ante a moeda dos EUA, na mais longa série em dois meses, após a leitura final do Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido no trimestre passado ter confirmado o dado preliminar e mostrado expansão de 0,3% no período. Trata-se do nono trimestre consecutivo de crescimento econômico, mas o dado ficou abaixo da previsão de +0,4%.

A Bolsa de Londres tentava se descolar das perdas nas demais praças da região e ensaiava ganhos. O yield do bônus britânico de 10 anos, o gilt, caía a 1,84%, mais cedo.

Já na zona do euro, o juro do bund alemão de mesmo vencimento encostava no nível mais baixo em três semanas, a 0,54%, com os investidores à espera de sinais de progresso sobre a questão da Grécia. O euro e as principais bolsas europeias recuam nesta manhã, diante de relatos de que um acordo entre Atenas e seus credores ainda não se concretizou.

A dívida do país mediterrâneo deve ser tema do encontro de líderes do G-7 em Dresden, na Alemanha, hoje. Apesar de a Grécia não estar na agenda oficial, o assunto deve dominar as discussões nos bastidores, uma vez que se aproxima o pagamento para pagamento de empréstimo ao Fundo Monetário Internacional (FMI), no próximo mês.

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