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Ajuste fiscal e Grécia seguem em pauta


A última semana de maio começa com um feriado em vários países ao redor do mundo, inclusive nos Estados Unidos e no Reino Unido, o que abre espaço para os mercados domésticos repercutirem o corte de quase R$ 70 bilhões no Orçamento do governo neste ano, anunciado no fim da tarde de sexta-feira. A meta de superávit primário seguiu em 1,1% do PIB.

Mais do que o número em si, chamaram atenção no anúncio de contingenciamento a qualidade do bloqueio de despesas e a ausência do ministro da Fazenda, Joaquim Levy - o que causou mal-estar no Palácio do Planalto e gerou especulações na imprensa. Oficialmente, porém, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, pediu para que “não se lesse” a ausência de Levy na sexta-feira passada como algo mais do que uma simples gripe.

Com o foco no Brasil ajustado para o ajuste fiscal, os negócios locais devem passar a semana envolvidos pela pauta vinda de Brasília, já que as medidas do pacote entram em semana decisiva no Senado. A Casa deve analisar, a partir de amanhã, as Medidas Provisórias (MP) 664 e 665, que restringem benefícios trabalhistas e previdenciários e que já foram passaram pela Câmara. Se não forem aprovadas até o fim do mês, as medidas perdem seus efeitos.

Temendo o risco de o governo sair derrotado dessas votações, o principal articulador político do governo, o vice-presidente Michel Temer, pediu uma conversa na manhã desta segunda-feira com a presidente Dilma Rousseff a fim de garantir o apoio do PT às medidas. Na agenda presidencial consta apenas a reunião de coordenação política, às 9 horas. Depois, Dilma embarca para o México, onde cumpre uma visita oficial.

Já o ministro Levy parece estar insatisfeito com o rumo das votações das MPs do ajuste fiscal. Para ele, o Senado pode “desidratar” as medidas, reduzindo para cerca de R$ 5 bilhões, dos R$ 18 bilhões originalmente, os efeitos para ajudar no controle das contas públicas e gerando um impacto negativo nas expectativas do mercado, o que poderia adiar a recuperação econômica.

Na agenda interna do dia, às 8h30, sai o Boletim Focus, do Banco Central. Antes, às 8 horas, tem mais uma leitura semanal do IPC-S. No calendário econômico da semana, realce para as divulgações do PIB do primeiro trimestre, do resultado primário e do resultado nominal – todos na sexta-feira. No mesmo dia, sai também uma nova estimativa do PIB dos EUA entre janeiro e março de 2015.

Yellen e Grécia. Enquanto isso, no exterior, os poucos mercados na Europa e na Ásia que abriram hoje ainda ecoam o discurso da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, na última sexta-feira, quando ela afirmou que elevar os juros norte-americanos neste ano seria “apropriado”. Além disso, um calote da Grécia volta a ser provável.

Ontem, o ministro do Interior grego, Nikos Vutsis, disse que o país mediterrâneo não vai pagar o empréstimo de 1,6 bilhão de euros que vence em junho, porque “não há” dinheiro. Por isso, Atenas exortou aos credores um compromisso no pedido de ajuda para acabar com o impasse sobre a liberação de recursos.

Em reação, os mercados emergentes cederam, com os ativos mais arriscados sendo afetados pela fala de Yellen. A exceção ficou com a China, onde o índice Xangai Composto saltou 3,4%, fechando no maior nível desde janeiro de 2008 - ainda em meio às apostas de mais estímulos vindos de Pequim.

A Bolsa de Tóquio também subiu, com o iene mais fraco, renovando a máxima em 15 anos. O euro também sente uma pressão renovada ante a moeda norte-americana e testa a faixa de US$ 1,10. O dólar mais forte, aliás, enfraquece as commodities, com o barril do WTI afastando-se da marca de US$ 60.

Já na Europa, a Bolsa de Atenas caía pouco mais de 2%, mais cedo, em meio a uma liquidez mais fraca, devido aos feriados no Reino Unido, Alemanha e Suíça. Wall Street também está fechada hoje em homenagem ao Memorial Day. Outro destaque é a Bolsa de Madri, que recuava quase 2%, com as eleições regionais e municipais na Espanha mostrando que o apoio aos partidos do governo podem abalar as bases políticas.

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