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Entre a política e a economia


A semana começa com as atenções dos investidores, no Brasil, divididas entre o noticiário político e os indicadores econômicos. Diante das tradicionais divulgações do dia - com o Boletim Focus (8h30) saindo meia hora depois de mais uma leitura do IPC-S no mês e os números semanais da balança comercial, às 15 horas - os agentes financeiros digerem as informações vindas de Brasília, onde a reunião de quatro horas sobre o Orçamento, ontem, resgatou a questão da alta de impostos, associada aos cortes.

O tema será retomado na reunião de coordenação política do governo, hoje, às 9 horas, no Palácio do Planalto. Ontem, no Alvorada, a presidente Dilma Rousseff recebeu os ministros Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento) e Aloizio Mercadante (Casa Civil), que compõem a Junta Orçamentária, para discutir o tamanho do contingenciamento.

As discussões se concentraram entre a proposta de Levy, de um lado, e a de Mercadante, de outro. Enquanto o ministro da Fazenda tem como parâmetro o corte de gastos de 2013 e defende algo mais elevado, de R$ 78 bilhões, Mercadante apoia um contingenciamento grande, mas não superior a R$ 60 bilhões. Ou seja, Levy avalia que quanto menor o corte, maior a necessidade de complementar o ajuste fiscal via aumento de impostos. Já Mercadante não gostaria de ver a máquina federal paralisar completamente.

O martelo sobre a questão do contingenciamento só deve ser batido após a votação, nesta semana, do projeto de lei que revê a política de desoneração da folha de pagamento. A proposta será apreciada na Câmara.

Aliás, a semana no Congresso será movimentada em torno da pauta do ajuste fiscal. Além dessa votação pelos deputados, o Senado também recebe nesta semana a primeira Medida Provisória (MP) do ajuste, que modifica direitos trabalhistas. Depois, se houver fôlego, outra MP entra na pauta até quinta-feira, a 664, que restringe o acesso à pensão por morte.

Mas até lá, na agenda doméstica de indicadores econômicos, serão conhecidos a segunda prévia do IGP-M (terça-feira); o fluxo cambial (quarta-feira); o desemprego no País e o índice de atividade econômica do Banco Central (ambos na quinta-feira). Na sexta, ainda tem o IPCA-15, que dará uma prévia sobre o comportamento da inflação oficial em maio.

Bolsas e exterior. Esse carregado noticiário interno, dividido entre a política e a economia, abre a segunda-feira com a Bovespa ainda tendo um importante ajuste a ser feito, já que na noite de sexta-feira, a Petrobras roubou a cena e fechou a semana com uma surpresa.

Enquanto o mercado esperava, em média, uma queda de 50% no lucro da estatal nos três primeiros meses deste ano, em base anual, a companhia registrou uma ligeira oscilação negativa de 1% nos ganhos, que somaram pouco mais de R$ 5 bilhões. Isso, é bom lembrar, na esteira de um grande prejuízo de R$ 26,6 bilhões no último trimestre do ano passado, em meio às baixas contábeis por causa da Lava Jato.

Nesta manhã, as ações da companhia negociadas no exterior saltam mais de 5%. No after hours em Nova York na sexta-feira passada, a alta foi de quase 4%. Os papéis da Petrobras hoje, na Bovespa, estarão sob a influência do vencimento de opções sobre ações.

O exercício na Bolsa brasileira acontece em meio a um avanço modesto das bolsas europeias e dos índices futuros acionários norte-americanos. Em Wall Street, a expectativa recai sobre a ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve, que será divulgada na quarta-feira, e que pode tratar da recente perda de tração na economia dos Estados Unidos, conforme apontam os dados de curto prazo, e também dar pistas sobre se o aumento de juros no país ficará mesmo para 2016.

O presidente da distrital de Chicago, Charles Evans, reiterou, na manhã de hoje, que o Fed deve conter-se e não elevar o juro neste ano, mas sim em “algum momento do início do ano que vem”. A agenda de indicadores norte-americana nesta segunda-feira está esvaziada e traz, na semana, dados sobre o setor imobiliário (amanhã), sobre a indústria (quinta-feira) e sobre os preços ao consumidor (sexta-feira).

Já na Europa, os mercados parecem estar “indo para a igreja rezar para que o problema com a Grécia vá embora”, disse um operador a uma agência de notícias internacional. “Normalmente”, acrescenta ele, “não é a melhor estratégia, mas por enquanto parece funcionar”.

Desse modo, o DAX alemão, o CAC francês e o britânico FTSE 100 exibem ganhos modestos, de 0,8% em Frankfurt, descendo a 0,4% em Londres e indo até +0,2% em Paris. As montadoras são destaques de alta.

Em Atenas, o índice composto da bolsa grega caía ao redor de 2%, mais cedo, diante da incerteza sobre a situação da dívida do país. A preocupação cresce em meio a relatos de que os bancos da Grécia estão ficando sem garantias à medida que uma liquidez emergencial vem sendo usada no BC local, mas que pode acabar dentro de três semanas.

Entre os bônus, o juro (yield) do papel alemão de 10 anos se juntou à trajetória de alta dos títulos da Itália e da Espanha de mesmo vencimento e sobe pela primeira vez desde 13 de maio. Já o yield do bônus grego de 2 anos subiu ao maior nível do mês.

A recomposição dos prêmios dos bônus europeus ocorre após a percepção de que os rendimentos não eram suficientes para compensar a inflação potencial, em meio à alta do petróleo. Nesta manhã, o WTI é negociado a US$ 60 o barril em Nova York.

Por fim, na Ásia, o destaque fica novamente com a China, já que as perdas de 0,60% em Xangai e de -0,83% em Hong Kong conduziram o sinal negativo nas demais bolsas - exceto no Japão, onde o Nikkei 225 subiu 0,80%. Ainda assim, o volume financeiro foi fraco em todos os mercados da região e do Pacífico, às vésperas de uma enxurrada de novas ações (IPOs) nas bolsas chinesas. No total, 23 empresas devem lançar papéis entre amanhã e quinta-feira, o que pode “congelar” pouco mais de US$ 450 bilhões.

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