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Ajuste fiscal em pauta


Os mercados domésticos iniciaram o mês de maio com alta na bolsa e no dólar. Em meio ao contínuo ingresso de capital externo, a Bovespa ultrapassou ontem a marca dos 57 mil pontos, ao passo que a moeda norte-americana voltou a encostar na faixa de R$ 3,10. O movimento desses ativos se dá em meio à perspectiva de mais aumento na taxa básica de juros (Selic) brasileira, para 13,50%, e com a inflação rondando acima do nível de 8%.

Mas é o ajuste fiscal, que entra na pauta do Congresso nesta semana, que concentra as atenções dos investidores. Durante evento ontem à noite, para celebrar o aniversário de um jornal especializado em notícias econômicas, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, destacou a importância em se fazer um ajuste rápido, realinhando agora os preços, a fim de evitar resquícios para 2016, e consolidando o lado fiscal para permitir a retomada do crescimento econômico.

O ministro observou, porém, que a “agenda Triplo A” vai além do ajuste, mas é algo que só poderá existir se o ajuste estiver completo. Segundo Levy, essa agenda aborda temas como competitividade, educação, infraestrutura e a qualidade do gasto público. Para empresários brasileiros presentes no evento, na capital paulista, o momento mais delicado da economia do país já ficou para trás, mas o caminho a ser percorrido ainda é longo.

Boa parte desse percurso, agora, está voltado para Brasília. Articulador político do governo, o vice-presidente da República, Michel Temer, pediu união do PT na votação das duas Medidas Provisórias (MP) do ajuste fiscal que serão votadas nesta semana. As matérias referem-se ao endurecimento das regras na concessão do seguro-desemprego, pensão por morte e outros benefícios trabalhistas.

Temer não quer carregar sozinho o ônus dessa pauta, mas ponderou que sem o ajuste, o corte no Orçamento da União será “muito radical”. Para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a falta de acordo no PT dificulta a aprovação do ajuste. Ainda assim, a intenção de Cunha é de finalizar a apreciação da MP 665 nesta terça-feira. “Não vou adiar nada”, disse.

Enquanto monitoram a movimentação no Congresso Nacional, os investidores recebem também a agenda de dados econômicos. Pela manhã, já foi anunciado que o IPC-Fipe encerrou o mês de abril com alta de 1,10%, acelerando-se ante o avanço de 0,70% em março. A mediana das estimativas era de +1,18%.

Logo mais, às 9 horas, o IBGE informa os preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) em março e ainda tem os indicadores industriais da CNI, às 11 horas. Na safra de balanços, é esperado o resultado do primeiro trimestre deste ano do Itaú Unibanco, antes da abertura do pregão. Entre os eventos de relevo, o ministro Levy cumpre uma agenda extensa de compromissos, na parte da tarde, enquanto a presidente Dilma Rousseff recebe o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa (10h).

Exterior. O calendário econômico no exterior está mais ameno hoje, o que mantém o radar dos mercados internacionais na divulgação do relatório oficial do mercado de trabalho nos Estados Unidos (payroll), apenas na sexta-feira. Os índices futuros das bolsas de Nova York estão na linha d’água nesta manhã, sem viés definido, antes dos números da balança comercial em março (9h30) e do índice ISM de serviços em abril (11h).

Enquanto isso, as bolsas asiáticas realizaram lucros, em meio às preocupações de que a China adote medidas para esfriar o intenso rali em Hong Kong e Xangai. O índice Xangai Composto registrou a maior queda em quase três meses, de -4,1%, diante dos alertas na mídia estatal sobre os riscos de mercado e das especulações de que Pequim pode aumentar o imposto sobre a negociações de ações a fim de aumentar a receita fiscal.

Ainda na região Ásia-Pacífico, destaque para a queda de 0,18% do Produto Interno Bruto (PIB) da Indonésia nos três primeiros meses de 2015, ante o período imediatamente anterior. Na comparação anual, a expansão de 4,7% foi a mais lenta desde 2009. Ambos os números foram mais fracos que o esperado. Em reação ao dado, a rupia local caiu à mínima em um mês ante o dólar, ao passo que a Bolsa de Jacarta reduziu os ganhos.

Na Austrália, o Banco Central local (RBA) confirmou as expectativas e cortou o juro básico australiano para uma nova mínima recorde, a 2%, de 2,25% antes. O movimento fortaleceu a moeda do país, conhecida como “aussie”, ao passo que o rendimento do bônus soberano de três anos foi ao maior nível em três meses, a 2,03% - acima, portanto, da taxa básica do RBA pela primeira vez desde novembro. A Bolsa de Sydney fechou praticamente estável.

Já na Europa, as principais bolsas tentam se desvencilhar das preocupações com a Grécia e avançam, apoiadas na temporada de balanços, na melhora das previsões econômicas para a região pela União Europeia (UE) e também no avanço de 0,2% do PPI em março ante fevereiro. Mas o ímpeto é limitado. O euro, por sua vez, é pressionado por relatos de que as negociações para aliviar a crise da dívida em Atenas ainda não produziram qualquer avanço tangível.

Reportagem do jornal britânico Financial Times, informando que o Fundo Monetário Internacional (FMI) poderia cortar o apoio financeiro ao governo grego a menos que os credores europeus amortizem uma quantidade “significativa” da dívida soberana do país, adiciona pressão aos negócios. Porém, segundo o ministro de Finanças da Áustria, Hans Joerg Schelling, as tratativas para um resgate da Grécia estão tendo progresso.

A Bolsa de Atenas caía ao redor de 2%, mais cedo, enquanto o juro do título grego de 10 anos subia a 10,69%.

Por fim, no Reino Unido, o foco está concentrada nas eleições gerais, que acontecem daqui a dois dias. A disputa marca o placar mais apertado da história do país desde 1970, sugerindo a necessidade de formação de um governo de coalizão após o resultado no dia 7. A libra esterlina está de lado nesta manhã.

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