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Aparando as arestas


A Bovespa iniciou a semana realizando um pouco da alta de mais de 10% registrada em abril até a sexta-feira passada. Com a queda de quase 2% hoje, os ganhos no mês ainda giram em torno de 8,5%. O dólar, porém, manteve a trajetória de queda pelo quinto pregão seguido, afastando-se ainda mais da faixa de R$ 3,00 e agora colado em R$ 2,92.

A influência externa sobre o comportamento doméstico da moeda norte-americana é inegável, já que nesta semana ocorre a reunião de política monetária do Federal Reserve e os indicadores econômicos recentes estão deixando os investidores cada vez mais convencidos de que a primeira alta na taxa de juros dos Estados Unidos desde 2006 tem maior chance de ser adiada, talvez para o ano que vem, do que de ocorrer ao final deste ou do próximo trimestre.

Mas fatores internos também determinaram esta nova queda do dólar ante o real. Além de movimentos técnicos, em meio à proximidade de fim de mês, o diferencial das taxas de juros interna ante o praticado em vários países do mundo continua atraindo capital estrangeiro para o Brasil.

Só a Bovespa, por exemplo, acumula 18 pregões consecutivos de ingresso de recursos externos. Entre os dias 27 de março e 23 de abril, no dado mais recente, foram colocados R$ 7,421 bilhões no mercado à vista de ações pelos investidores não residentes. Portanto, ao longo deste mês, houve apenas aportes líquidos de capital estrangeiro, com um saldo positivo de mais de R$ 6,6 bilhões, o que infla o superávit no ano para ao redor de R$ 16,5 bilhões.

Nesta segunda-feira de embolso dos ganhos recentes, os “gringos” atuaram de modo equilibrado nas duas pontas, compradora e vendedora. O suporte inicial do Ibovespa em 56,3 mil pontos (intraday) foi rompido. Ao encerrar o pregão aos 55.534 pontos, hoje, o índice à vista defendeu o suporte seguinte, aos 55,5 mil pontos e, agora, vai testar forças para manter as marcas dos 54 mil, inicialmente, e dos 53 mil pontos, mais atrás.

Com a Bolsa brasileira e o câmbio doméstico com a mesma tendência negativa, as taxas de juros futuros também recuaram no dia. Mas a previsão de mais altas na taxa Selic se mantém. Na Pesquisa Focus, do Banco Central, analistas esperam que o juro básico suba 0,50 ponto porcentual, para 13,25%, neste mês, e depois avance mais 0,25pp, em junho.

A partir daí, o Comitê de Política Monetária (Copom), faria uma pausa no aperto monetário, passando inerte por julho, setembro e outubro e só voltando a agir, em novembro. No último encontro do ano, porém, o passo a ser dado pelo BC local seria no sentido de cortar os juros, com a Selic encerrando 2015 no patamar de 13,25% que alcançará agora em abril.

Mas até lá, os investidores também estarão mais convictos em relação ao Fed. E as previsões domésticas de corte no juro brasileiro até setembro de 2016, quando a Selic voltaria a 11,50%, ocorrem em um período em que, provavelmente, estaria ocorrendo também o processo de normalização monetária pelo BC dos EUA, com alta no juro.

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