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Varejo oscila conforme o furo no cinto


Após o respiro na virada do ano, as vendas do varejo brasileiro oscilaram em baixa de 0,1% em fevereiro, em base mensal, ante mediana das expectativas de ligeira alta. A atividade no comércio perdeu fôlego em meio à folia do carnaval, sendo que na comparação anual, portanto sem ajuste sazonal, o volume de vendas caiu 3,1%, a maior baixa para o mês desde 2001 e a pior desde agosto de 2003.

Três setores explicam o desempenho: as vendas de eletrodomésticos e móveis, com recuo de 10,4% ainda na comparação com fevereiro de 2014, e de combustíveis e lubricantes, com queda de mesma magnitude. O segmento de hiper e supermercados fecha o trio, com contribuição negativa de 1,8%. Juntos, os três representam quase toda a queda de 3,1% no segundo mês deste ano.

São novos sinais de que as famílias apertaram o cinto e passaram a comprar menos nos supermercados, diante da alta dos preços, bem como reduziram os gastos com transporte individual, com o reajuste nas bombas dos postos de gasolina.

Por último, o setor de móveis e eletrodomésticos manteve o comportamento desigual, muitas vezes relacionado a “promoções relâmpagos”. Já os números do varejo ampliado mostram que o desempenho das atividades relacionadas a veículos e material de construção segue fraco, com o recuo de 1,1% ante janeiro sendo o terceiro consecutivo.

E se por aqui o brasileiro faz as contas para fechar o mês, com o desemprego batendo à porta, nos Estados Unidos o consumidor norte-americano se mostra mais consciente e não sai comprando por impulso.

As vendas do varejo nos EUA cresceram menos que o esperado em março, após terem sido penalizadas pelo inverno rigoroso no país. O ganho de 0,9% ante fevereiro é o primeiro avanço, na comparação mensal, em quatro meses. Mas esperava-se alta de 1,1%.

Os números sinalizam que os consumidores não tem a intenção de extrapolar os gastos e mostram que os americanos seguem focados em usar as economias com o preço da gasolina por lá - que acompanha o tombo do barril de petróleo no mercado global - para fortalecer o orçamento familiar, ainda que o emprego e a confiança dos agentes econômicos nos EUA já estejam firmes e as taxas de juros sigam baixas.

Mesmo assim, o primeiro avanço do varejo no país desde o fim do ano passado mostra que as compras de veículos e outro bens cresceram, sugerindo que a desaceleração do PIB no início de 2015 foi temporária. Um impulso nos salários talvez seja o “empurrãozinho” que esteja faltando para afrouxar de vez os cintos e fazer novamente do consumo a força motriz da maior economia do mundo, sustentando um melhora no crescimento e trazendo certa pressão inflacionária onde hoje quase não há.

Índices de preços ao consumidor, no Brasil e nos EUA, saem novamente juntos, nesta sexta-feira.

Mercados. Os mercados financeiros reagem ao número mais fraco do varejo no Brasil e, principalmente, nos Estados Unidos. As dúvidas quanto aos próximos passos do BCs persistem, seja sobre a autoridade monetária local ou em relação ao Federal Reserve.

Entre as bolsas, Nova York digere também uma rodada mista de balanços financeiros. Os bancos JP Morgan e Wells Fargo, porém, não decepcionaram. A Bovespa, por sua vez, dá novos sinais de cansaço, um dia antes do exercício à luz do vencimento de opções sobre Ibovespa e de índice futuro.

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