Mercados sem trégua
Mensagens duras do Fed e do Copom afastam apetite por risco nos mercados
Dose diária: Os mercados globais iniciam a última semana de setembro ainda movidos pela busca por proteção, após as mensagens duras do Fed e do Copom. As decisões deste mês afastam o apetite por risco, com os investidores se adaptando à narrativa de juros mais altos por mais tempo nos EUA e de cortes na mesma magnitude de 0,50 pp na Selic até dezembro. Mas há quem desafie esse cenário para o fim de 2023 e é essa resistência que cria um obstáculo adicional nos negócios locais. Daí porque o Ibovespa deve seguir no limbo, enquanto o dólar deve se fortalecer mais, com os mercados domésticos seguindo sem trégua, penalizados pela própria teimosia.
Os mercados globais iniciam a última semana de setembro e, de quebra, do terceiro trimestre, ainda movidos pela busca por proteção. As mensagens duras (“hawkish”) do Federal Reserve (Fed) e do Comitê de Política Monetária (Copom) nas decisões deste mês afastam o apetite por risco, demandando a exposição a ativos mais seguros.
Os investidores se adaptam à narrativa de que os juros nos Estados Unidos podem voltar a subir neste ano e devem demorar a cair no ano que vem, enquanto a taxa Selic tende a manter o ritmo de queda de 0,50 ponto porcentual (pp) até dezembro. Mas há quem desafie esse cenário para o fim de 2023.
É essa resistência em aceitar que os juros altos por mais tempo por lá reduzem o espaço para cortes mais agressivos aqui que cria um obstáculo adicional nos negócios locais. Daí porque o Ibovespa deve seguir no limbo nos próximos dias, enquanto o dólar deve se fortalecer um pouco mais, com o “miolo da curva” de juros futuros incorporando prêmios.
Mercado teima
Talvez a agenda intensa de indicadores econômicos desta semana seja capaz de convencer os mercados domésticos. Até porque os principais destaques vêm do calendário nacional. Amanhã (26) saem a ata da reunião do Copom e a prévia da inflação em setembro (IPCA-15). Na quinta-feira (28), tem o relatório trimestral do BC (RTI).
Combinadas, essas divulgações devem testar as chances de aceleração no ritmo de corte da Selic para 0,75 pp. Já nos EUA, a última leitura do Produto Interno Bruto (PIB) no trimestre passado e o índice de preços de gastos com consumo (PCE) calibram as apostas em relação às duas últimas reuniões do Fed neste ano.
Mas a lista de preocupações dos mercados é bem mais ampla. Os receios vão desde o impacto do renovado fôlego de alta do petróleo na inflação global, passando pelo risco fiscal tanto no Brasil quanto nos EUA (shutdown), até chegar a questões locais, como a greve de trabalhadores do setor automotivo americano. Isso sem falar da China.
Por tudo isso, os mercados devem seguir sem trégua, penalizados pela própria teimosia.
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Confira o desempenho dos mercados globais por volta das 7h30:
EUA/Futuros: Dow Jones 0,00%; S&P 500 +0,02% e Nasdaq -0,01%;
NY: Ibovespa em dólar (EWZ) estável no pré-mercado; ADRs da Vale -1,24%; ADRs da Petrobras 0,00%;
Europa: Stoxx 600 -0,59%; Frankfurt -0,70%; Paris -0,60%; Londres -0,58%;
Ásia/Fechamento: Tóquio +0,85%; Hong Kong -1,82%; Xangai -0,54%;
Câmbio: DXY +0,05%, 105.64 pontos; euro -0,05%, a US$ 1,0641; libra -0,05%, a US$ 1,2235; dólar +0,19% ante o iene, a 148,60 ienes;
Treasuries: rendimento da T-note de dez anos em 4,498%, de 4,440% na sessão anterior; o rendimento da T-bill de 2 anos estava em 5,118%, de 5,097% mesma comparação;
Commodities: ouro -0,11%, a US$ 1.943,40 a onça na Comex; petróleo WTI +0,32%, a US$ 90,31 o barril; Brent +0,22%, a US$ 92,16 o barril; minério de ferro (janeiro/24) fechou em -0,81% em Dalian (China), a 855 yuans a tonelada métrica, após ajustes (~US$ 117).