Mercado viveu cem dias como os próximos mil
- Olívia Bulla
- há 12 minutos
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Para o mercado basta o dia de hoje, que marca a última sessão do mês de abril

A quarta-feira (30) marca o último dia do mês de abril. Mas é a véspera do feriado amanhã no Brasil que deve dar o tom do mercado financeiro hoje. A agenda carregada nos Estados Unidos tende a manter as bolsas de Nova York movimentadas ao longo dos próximos dias, redobrando a cautela dos investidores por aqui.
Além de mais um dado sobre o mercado de trabalho norte-americano - desta vez, a pesquisa ADP (9h15) - o calendário por lá traz também os números preliminares do PIB e da inflação medida pelo PCE no primeiro trimestre. No feriado aqui, saem dados de atividade industrial nos EUA. Já na sexta-feira emendada pelo fim de semana, tem o payroll de abril.
Mas ao completar os primeiros cem dias do governo Trump, os mercados só falam sobre as tarifas. São mais de três meses de turbulência entre os ativos de risco e faltam mais de mil dias para o fim do cargo na Casa Branca. Apesar das discussões sobre uma eventual reeleição, este é o último mandato de Donald Trump como presidente dos EUA.
Portanto, os próximos três anos e meio tendem a ser de altos e baixos no mercado global. Em outras palavras, os últimos cem dias podem ser apenas um sinal do que serão os próximos mil dias. Por isso, para os mercados basta o dia de hoje. A sessão deve ser dedicada aos ajustes finais de carteira, preparando as posições para a chegada de maio.
O próximo mês é conhecido pelo tradicional jargão em Wall Street que diz para vender em maio e ir embora, curtir as férias de verão no hemisfério norte. O período se estende até o feriado dos EUA pelo Dia do Trabalho - e não do Trabalhador - em 1º de Setembro. A questão é que o Federal Reserve reúne-se três vezes nesse período: de maio a julho.
A expectativa é de que a taxa de juros dos EUA volte a cair em algum momento durante a estação mais quente do ano. Se não em maio nem em junho, talvez em julho. Ontem, no discurso para marcar os cem dias de governo, Trump afirmou que entende mais sobre juros do que o Fed. Ou seja, a pressão por cortes se mantém, mas não mais só sobre Jerome Powell.
É assim que os mercados devem caminhar no decorrer dos próximos meses. Há uma visão de que parte dos danos às ações em um cenário de recessão dos EUA já se concretizou. Por isso, a esperança se apoia na chance de o Fed cortar os juros em breve, favorecendo os ativos de risco.
Recentemente, Powell foi claro ao afirmar que o Fed pode reduzir os juros se o impacto das tarifas sobre o emprego nos EUA for significativo. O problema é que o impacto das tarifas sobre a inflação também deve ser igualmente significativo. Nessa encruzilhada, o Fed tem ainda muitos dias pela frente para decidir qual caminho seguir.
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