Mercado monitora vírus, mas agenda ganha força


 
A agenda de indicadores e eventos econômicos, enfim, ganha força nesta quinta-feira e deve movimentar o mercado financeiro, que segue monitorando as notícias sobre o vírus que provoca pneumonia e já matou 17 pessoas na China. No último pregão antes da longa pausa pelas festividades do Ano Novo Lunar, a Bolsa de Xangai fechou em queda de quase 3%, liderando as perdas na Ásia e embutindo um sinal negativo nos ativos de risco no exterior, o que deve contaminar os negócios locais hoje.

A decisão sem precedentes do governo chinês de isolar a cidade de Wuhan, capital da província de Hubei, onde começou o surto da doença, interrompendo o transporte público e cancelando trens e voos alarmou os investidores, que seguem preocupados com o impacto econômico do vírus na China. O varejo e o setor de serviços devem ser prejudicados em meio às celebrações pela chegada do Ano do Rato, sendo que nem se sabe se a doença “vem e passa” ou se é algo mais perigoso.

Ao menos 550 casos já foram confirmados, com o coronavírus se espalhando rapidamente pelo país e atingindo regiões especiais como Hong Kong, Macau e Taiwan. O vírus também foi detectado em outros países asiáticos e já aterrissou em solo americano. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reúne-se hoje para decidir se declara situação de emergência de saúde pública de caráter internacional, assim como fez com a gripe suína e o ebola.

Com isso, o movimento de busca por proteção em ativos seguros volta a ganhar força no mercado financeiro, impulsionando o iene e o rendimento dos títulos norte-americanos (Treasuries). Nas bolsas, Hong Kong caiu quase 2% e Tóquio perto de 1%, enquanto os índices futuros em Nova York amanheceram em leve baixa, pressionando o pregão europeu. O petróleo recua.

BCE e IPCA-15 em destaque

Apesar da preocupação com a epidemia, o mercado financeiro também tem uma agenda importante para acompanhar hoje. Lá fora, as atenções do dia se voltam para a primeira decisão de juros do Banco Central Europeu (BCE) sob o comando da recém-empossada presidente, Christine Lagarde. Mais que a decisão em si, que não deve trazer novidades, merece atenção a entrevista dela, às 10h30, logo após o anúncio de juros (9h45).

Porém, a ex-diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) deve continuar aproveitando o período de lua de mel com o mercado financeiro. Por ora, a pressão inflacionária recente na zona do euro significa que não há espaço para estímulos adicionais, mas tampouco urgência em apertar os juros tão logo. E o mais provável é que quando a pressão sobre os preços se dissipar, o BCE volte a afrouxar a política monetária.

No Brasil, a expectativa fica com a prévia deste mês da inflação oficial ao consumidor brasileiro (9h). O IPCA-15 deve continuar “salgado”, pressionado pelos preços das carnes, mas tende a começar a mostrar os primeiros sinais de alívio, com a taxa mensal desacelerando a 0,65%, após subir mais de 1% em dezembro. Ainda assim, será o número mais alto para meses de janeiro desde 2016.

Já o resultado acumulado em 12 meses deve começar 2020 acima da meta perseguida pelo Banco Central para o ano, indo a 4,30%. Os dados efetivos devem calibrar as expectativas em relação à primeira reunião do BC em 2020, no mês que vem. A curva implícita de juros futuros vê como majoritária a chance de novo corte na taxa básica de juros, de 0,25 ponto, em meio à frustração com o ritmo da atividade e ao cenário ainda benigno da inflação.

Ainda na agenda econômica do dia, por aqui, saem diferentes leituras sobre os preços ao consumidor (8h), enquanto na Europa também será conhecida a prévia da confiança do consumidor (12h). Já nos EUA, serão conhecidos os dados semanais sobre os pedidos de seguro-desemprego (10h30) e os estoques de petróleo bruto e derivados (13h), além do índice de indicadores antecedentes em dezembro (12h).

Entre os eventos de relevo, prosseguem os debates no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça).

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