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Dados econômicos testam otimismo com Congresso


A aprovação da proposta (PEC) do teto dos gastos públicos por 23 votos a 7 na comissão especial, ontem, deve ser recebida com entusiasmo pelos mercados domésticos hoje, com o apoio da base aliada na Câmara praticamente garantindo o plano de ajuste fiscal do governo Temer. Mas o reflexo desse sentimento nos negócios locais vai depender dos números oficiais sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos (payroll).

Os investidores mantêm uma postura mais cautelosa nesta sexta-feira, à espera do payroll, que deve calibrar as apostas em relação a um aumento dos juros norte-americanos ainda neste ano. A previsão é de geração de 190 mil vagas de emprego nos EUA em setembro, de 151 mil em agosto, o que ainda deve manter a taxa de desemprego em 4,9%. O ganho médio por hora deve subir 0,2% no mês.

Caso o número de vagas venha abaixo do esperado, pode indicar que a maior economia do mundo não está tão aquecida e segue incapaz de gerar pressão inflacionária, adiando o aperto monetário. Já um dado maior ou mesmo dentro da previsão fortalece o discurso de membros do Federal Reserve de que uma elevação no custo de empréstimo nos próximos meses não irá prejudicar a retomada em curso. Os números oficiais saem às 9h30.

À espera desses dados, os investidores veem 24% de chance de aumento da taxa de juros nos EUA em novembro e 64% de probabilidade em dezembro. Antes de mais evidências sobre a saúde da economia norte-americana, os mercados internacionais estão no vermelho. As principais bolsas europeias seguem as perdas vindas da Ásia e exibidas também pelos índices futuros das bolsas de Nova York.

O índice Stoxx Europe 600 registra o terceiro dia de queda, rumo à segunda queda semanal e ao nível mais baixo em quase duas semanas. Já o índice MSCI da Ásia Pacífico apagou a alta acumulada na semana. Nos mercados emergentes, a Bolsa da Nova Zelândia fechou no menor nível desde julho, enquanto a de Hong Kong saiu da máxima em um mês. Já Wall Street aguarda também o debate entre os presidenciáveis Hillary Clinton e Donald Trump no domingo, um dia antes do feriado nos EUA pelo Dia de Cristóvão Colombo.

Entre as moedas, o dólar segue fortalecido em relação aos rivais. Chama atenção o tombo repentino da libra esterlina, durante as negociações asiáticas, por causa de uma ordem de venda exacerbada, que registrou uma transação da moeda britânica a US$ 1,1378. Essa operação feita por plataforma eletrônica levou a libra ao menor nível desde março de 1985, na maior queda durante a sessão desde o "Brexit", de -6,1%, o que gerou caos nos mercados da Ásia durante dois minutos.

Em uma palavra, a extensão e a velocidade da queda da libra esterlina foi assustadora, minando a confiança no mercado de moedas. Há pouco, a moeda valia US$ 1,24, ao passo que o euro era negociado a US$ 1,11 e o iene media forças ante o dólar. Já o yuan chinês fechou no menor nível em seis anos, após o Banco Central da China (PBoC) reportar uma queda de US$ 18,8 bilhões nas reservas internacionais em setembro, alimentando especulações de venda de dólares para apoiar um enfraquecimento da moeda local. O petróleo, por sua vez, segue cotado acima de US$ 50 o barril.

Esse movimento externo irá testar o ambiente de forte otimismo com os avanços do ajuste fiscal no Congresso, diante da estratégia de convencimento do governo em relação à proposta de teto dos gastos públicos. Durante pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, defendeu ontem a PEC 241. Com a tentativa de uma linguagem simples, ele garantiu que a medida é a porta de saída do país da crise e o caminho para a recuperação dos empregos perdidos.

A fala de Meirelles é mais uma peça da campanha de marketing do governo, estreada na quarta-feira, para convencer a população da necessidade das medidas de ajuste fiscal para tirar o Brasil do vermelho. Hoje, tem início a divulgação de cinco comerciais diferentes na TV, sendo que o custo total da publicidade vai custar cerca de R$ 20 milhões.

Na comissão especial da Câmara, a aprovação da PEC dos gastos com uma larga vantagem e com rejeição às emendas que poderiam alterar pontos da proposta abre caminho para a votação no plenário da Casa, na próxima segunda-feira. Desta votação depende o início e o ritmo do ciclo de cortes na taxa básica de juros (Selic) por parte do Banco Central.

A agenda doméstica também traz ingredientes que podem formular o momento exato do processo de afrouxamento monetário no país. Às 9h, o IBGE informa a inflação oficial ao consumidor brasileiro em setembro, que deve perder força e subir 0,19% ante alta de 0,44% em agosto, no menor resultado para o mês desde 2007. O resultado acumulado em 12 meses deve recuar a 8,60%, afastando-se da faixa entre 9% e 10%.

Esse cenário mais favorável dos preços correntes clareia as expectativas inflacionárias e alimenta as chances de uma redução na Selic já neste mês. Com um avanço na pauta fiscal e uma evolução benigna da inflação à frente, a dúvida do mercado seria se o corte em outubro será de apenas 0,25 ponto porcentual ou se de 0,50 ponto.

Antes, às 8h, sai o IGP-DI do mês passado, que também deve mostrar trajetória descendente, com alta de 0,17% frente a um aumento de 0,43% em agosto. A taxa acumulada em 12 meses sair de 11,27% no período até agosto e subir 9,86% no período até setembro.

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