Novo mês, mais ganhos
Outubro começa com uma diminuição das preocupações em relação à solvência do Deutsche Bank, após relatos de que o banco alemão chegou a um acordo com os órgãos reguladores dos Estados Unidos e pagará um valor menos da metade que o pedido inicialmente, perto de US$ 5,4 bilhões. Em reação, os mercados internacionais retomam a confiança e ampliam os ganhos, depois de cravarem uma recuperação no terceiro trimestre deste ano.
As principais bolsas europeias avançam nesta manhã, pegando carona no sinal positivo vindo da Ásia e sendo impulsionadas pela alta dos índices futuros das bolsas de Nova York. As ações de bancos ainda sofrem pressão na Europa, mas um feriado hoje na Alemanha mantém a Bolsa de Frankfurt fechada, o que traz alívio aos negócios na região. O índice Europe Stoxx 600 tenta se recuperar, após cair pela terceira semana nas últimas quatro.
Já os mercados emergentes são os maiores beneficiados da redução do receio em relação ao maior banco da maior economia europeia. O índice MSCI da região subia 0,5%, esticando o avanço após registrar o melhor desempenho trimestral desde 2012. Entre as moedas, o dólar perde terreno de modo generalizado, com destaque para a alta da rupia indonésia e do peso filipino, ao passo que o peso colombiano tem queda acelerada, diante da rejeição pela população do acordo de paz com as Farc.
No Brasil, a derrota da oposição ao governo Temer nas urnas deve ser bem recebida pelos mercados domésticos, somando-se à melhora do sentimento do investidor por ativos mais arriscados. O maior revés ficou com o PT, que só levou uma das 26 capitais disputadas, com um desempenho muito aquém do esperado e o pior da história do partido. A perda mais significativa foi na cidade de São Paulo, onde o prefeito Fernando Haddad não conseguiu reeleger-se e a disputa foi definida já no primeiro turno, com a vitória do candidato apoiado pelo governador Geraldo Alckmin, o empresário João Doria.
Esse resultado nas urnas pode ser favorável ao governo em relação às medidas de ajuste fiscal que devem ser avaliadas no Congresso ainda neste mês, uma vez que o PMDB se deu bem nas eleições e o PSDB, melhor ainda. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, espera fechar o texto final da proposta (PEC) que fixa um teto dos gastos públicos por até 20 anos entre hoje e amanhã, com a esperança de que a pauta seja colocada em votação na Câmara já na semana que vem. Também podem entrar na ordem do dia da Casa os projetos em relação ao pré-sal e a repatriação de recursos no exterior.
Na agenda econômica, as atenções se voltam para o sempre aguardado relatório de emprego nos Estados Unidos, o chamado payroll, na sexta-feira. Sinais de robustez do mercado de trabalho norte-americano, com aumento no ganho médio por hora, podem dar pistas em relação ao processo de normalização da taxa de juros pelo Federal Reserve, que volta a se reunir apenas em novembro.
Também na sexta-feira, no Brasil, destaque para a inflação oficial ao consumidor, medida pelo IPCA. O dado deve adicionar ingredientes às apostas de corte na taxa básica de juros (Selic) neste mês, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) volta a se reunir. No mesmo dia, sai o IGP-DI de setembro.
Antes, entre hoje e quarta-feira, dados de atividade ao redor do mundo recheiam o calendário de indicadores, com as leituras de setembro de índices referentes ao desempenho nos setores industrial e de serviços. Números sobre a inflação ao produtor (PPI) e as vendas no varejo na zona do euro também serão conhecidos nesses dias.
Outro ponto de relevo no Brasil é o resultado de agosto da produção industrial, amanhã. Nos EUA, saem as vendas das montadoras no mês passado ao longo do dia de hoje. Diante desse calendário extenso de indicadores econômicos, aqui e lá fora, até é uma boa notícia o feriado nacional de uma semana na China, que fecha os mercados por lá até sexta-feira.