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China anima, mas Brasil gera incertezas


Setembro começa com dados de atividade na China embalando os mercados internacionais, com ganhos nas bolsas, commodities e moedas correlacionadas, após o índice dos gerentes de compras (PMI) da indústria chinesa subir ao maior nível desde 2014. Porém, os investidores evitam posições muito arriscadas nesta véspera de divulgação de dados de emprego nos Estados Unidos (payroll), o que limita o avanço dos ativos de risco.

No Brasil, os mercados domésticos devem iniciar o novo mês "de ressaca", após a decisão de 61 senadores de afastar Dilma Rousseff definitivamente da Presidência da República. A inesperada divisão do PMDB na votação em relação à cassação dos direitos políticos dela, que foram mantidos, trouxe certo desconforto aos negócios locais, pois não era esperada, gerando incertezas em relação ao novo jogo que começa com o novo governo.

Além da sombra de Dilma pelos próximos dois anos, o "racha" antecipa problemas na base aliada do agora efetivo Michel Temer, trazendo dúvidas em relação à capacidade do governo e sua equipe econômica em implementar as medidas de ajuste fiscal, convencendo os políticos e a sociedade. Ontem, em seu primeiro pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão, Temer defendeu a "necessidade" das reformas trabalhista e da Previdência.

Segundo ele, é hora de unir o país, colocando "os interesses nacionais acima dos interesses de grupo". Temer disse ainda que não aceitará divisão da base nem a acusação de "golpista", pois não há ruptura constitucional. O presidente foi empossado já na tarde de ontem e embarcou rumo ao G-20, na China, de onde retornará apenas no próximo dia 6, deixando o cargo sob a responsabilidade do presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

Assim, os investidores ainda digerem essa mudança de comando na política brasileira - capaz de registrar três presidentes diferentes em um único dia e de empossar um presidente não eleito pela terceira vez na história recente do país. Na América Latina, os presidentes do Equador, Bolívia, Venezuela e Cuba chamaram seus respectivos embaixadores, para consulta. Uruguai e Argentina ainda não se manifestaram.

Já no exterior, os mercados tentam pegar embalo nos sinais de recuperação da segunda maior economia do mundo. Os metais básicos avançam, com o zinco sendo negociado no maior nível em mais de um ano, ao passo que o petróleo flerta com a marca de US$ 45 o barril, após o inesperado aumento do PMI chinês industrial a 50,4 em agosto, de 49,9 em julho, contrariando a previsão de queda a 49,8. No setor de serviços, o indicador mostrou certa estabilização, ficando em 53,5 no mês passado, de 53,9 no mês anterior.

Os indicadores foram uma boa surpresa por sinalizarem que a desaceleração da atividade na China está perdendo força, o que revigora também as moedas de países emergentes e correlacionadas às commodities. O destaque fica com o dólar australiano, que registra a maior alta em duas semanas, ao passo que o iene japonês interrompe uma sequência de seis dias de queda.

Nas bolsas, o sinal foi misto na Ásia, com Xangai caindo 0,72%, mas Tóquio subindo 0,23%. Já no Ocidente, os índices futuros de Nova York estão em alta, assim como as principais praças europeias, que recebem impulso ainda da leitura final do PMI da manufatura na zona do euro, a 51,7 em agosto, ante leitura preliminar a 51,8. Fora da região da moeda única, destaque para o avanço inesperado do índice industrial do Reino Unido, a 53,3 no mês passado, ante previsão de 49,6.

Ainda assim, os mercados internacionais já operam à espera do sempre aguardado payroll. Após o número robusto sobre a geração de vagas no setor privado norte-americano, anunciado ontem, cresceu a expectativa pelo documento oficial sobre o mercado de trabalho nos EUA, que sai amanhã.

Isso porque o setembro promete ser um mês agitado para os negócios globais, tendo como destaques o início dos debates da campanha presidencial nos EUA entre a democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump; o encontro do cartel da Opep sobre os níveis de produção de petróleo e decisões de política monetária em pelo menos 20 países – entre eles o Banco Central Europeu (BCE), na semana que vem, e o BC inglês (BoE), na semana seguinte. Mas o anúncio que importa é o do Federal Reserve, no dia 21.

Ontem, sem surpresas, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica de juros em 14,25% ao ano, pela nona vez consecutiva, segurando a Selic no maior patamar em 10 anos. O comunicado que se seguiu à decisão mostrou que o Banco Central pode ter começado a debater a possibilidade de iniciar um ciclo de cortes de juros.

No texto, o colegiado deixou de falar que “o cenário básico e o atual balanço de riscos indicam não haver espaço para flexibilização da política monetária”. Ainda assim, o BC listou uma série de fatores que precisam ser acompanhados para que se pense em uma redução da Selic, reforçando o desconforto com os cenários fiscal e inflacionário.

Na agenda econômica do dia, pela manhã, saem os índices PMI (10h45) e ISM (11h) de atividade no setor industrial dos EUA. Antes, às 9h30, saem os pedidos semanais do seguro-desemprego e os custos trabalhistas e a produtividade no país no trimestre passado. Ao longo desta quinta-feira, as fabricantes de automóveis divulgam o resultado de vendas em agosto.

No Brasil, o calendário começa cedo, com a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) em agosto, seguida do anúncio do Índice de Preços ao Produtor (IPP) em julho. À tarde, sai o resultado da balança comercial no mês passado (15h).


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