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Cenário político volta a dar o tom dos mercados


O Congresso vota hoje pautas de interesse do governo interino e que serão um importante termômetro para mensurar o impacto da delação premiada de Marcelo Odebrecht no apoio da base aliada de Michel Temer. Enquanto a oposição pediu à Procuradoria-Geral da República (PGR) o afastamento do presidente em exercício, diante do suposto recebimento de caixa dois, os deputados do "centrão" têm aumentado a pressão no Palácio do Planalto, ameaçando retaliação se não conseguirem cargos e emendas.

Mal começaram as delações premiadas de 50 executivos da Odebrecht e o vazamento das informações prestadas pelo presidente da empreiteira trouxe mal-estar nos mercados domésticos ontem. Mais um esquema de propina envolvendo Temer, desta vez com o pedido de doação eleitoral de R$ 10 milhões, gera o receio de uma nova desestabilização no cenário político, agonizando ainda mais a recuperação econômica.

O alcance das denúncias poderá ser sentido hoje, dia em que o plenário do Senado vota o relatório aprovado pela comissão especial do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Os investidores pretendem inferir, no placar da votação, o quanto está encaminhado o processo, que pode resultar no afastamento definitivo dela. Se os votos para o julgamento final, no fim deste mês, somarem 60 ou mais, o número tende a animar os negócios locais.

Porém, se o total de votos favorável for inferior ou igual a 54, os investidores podem ficar na defensiva, temendo que a cassação não ocorra em meio a ruídos na base aliada por causa do novo escândalo que atinge o núcleo do governo Temer e figuras importantes, como os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e José Serra (Relações Exteriores).

É bom lembrar que a cotação do dólar abaixo de R$ 3,20 e a Bovespa encostada aos 60 mil pontos não precifica qualquer possibilidade de retorno de Dilma ao cargo – ao contrário, apostam em Temer até 2018 e aguardam sinais de encaminhamento da pauta fiscal para fazerem os ativos domésticos avançarem mais. Para que o processo contra ela avance rumo à última etapa, basta uma maioria simples, de 41 senadores, hoje.

A sessão no Senado deve começar cedo, por volta das 9h, mas pode durar até 30 horas, estendendo-se para a madrugada de quarta-feira. Também hoje deve ocorrer a votação na Câmara dos Deputados da renegociação das dívidas de Estados e municípios, uma das primeiras medidas de ajuste fiscal proposta pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Ontem, ele decidiu deixar de fora do projeto as mudanças na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Segundo Meirelles, o importante agora é o ajuste fiscal dos Estados e do governo federal. A proposta alonga por 20 anos o prazo de pagamento das dívidas estaduais com a União, com seis meses de carência, tendo como contrapartidas o limite de crescimento dos gastos pela inflação e o não reajuste aos servidores públicos por dois anos.

Enquanto monitoram o andamento das votações em Brasília, os investidores recebem os números do comércio varejista em junho. O desempenho das vendas deve seguir refletindo o fraco consumo das famílias, resultando em quedas de 0,5%, em base mensal, e de -6%, em base anual.

Se confirmados, será o segundo mês consecutivo de retração do setor, na comparação com o mês anterior, e o décimo quinto resultado negativo seguido (desde março de 2015), em relação a um ano antes. Os dados efetivos serão divulgados às 9h, juntamente com os números da safra agrícola.

Antes, às 8h, saem indicadores das FGV referente ao mercado de trabalho. No exterior, destaque para a produtividade e os custos da mão de obra nos Estados Unidos no trimestre passado (9h30) e para os estoques no atacado do país em junho (11h).

Logo cedo, os índices de preços na China reforçaram os sinais de estabilização da segunda maior economia do mundo. A deflação no atacado, medida pelo índice de preços ao produtor (PPI), perdeu força pelo sétimo mês consecutivo e caiu 1,7% em julho, em base anual. Trata-se do menor declínio em dois anos, indicando uma contínua melhora das condições das fábricas. A previsão era de queda maior, de -1,9%.

No varejo, a inflação ao consumidor (CPI) desacelerou pelo terceiro mês consecutivo e subiu 1,8% no mês passado em relação a um ano antes, dentro do esperado, de +1,9% em junho, na mesma base de comparação. O aumento mais fraco nos preços dos alimentos explica o movimento.

O dado segue bem abaixo da meta de Pequim para o ano, de alta de 3%, ampliando o espaço para medidas adicionais de estímulo monetário para ativar a economia. Em reação, o índice Xangai Composto subiu 0,7% e fechou no maior nível desde o fim de julho, ao passo que a Bolsa de Hong Kong caiu 0,13%, um dia após encerrar no patamar mais alto em oito meses.

O sinal positivo se espalhou pela Ásia, embalando a abertura do pregão na Europa. As principais bolsas europeias avançam, diante dos primeiros sinais de ação da política monetária ainda mais suave ("dovish") no Reino Unido, após a decisão do Banco Central inglês (BoE) na semana passada.

Wall Street também ensaia ganhos, mas o fôlego é encurtado pela possibilidade de o Federal Reserve elevar os juros nos Estados Unidos ainda nesta ano, em meio à série de indicadores econômicos norte-americanos melhores que o esperado. Essa perspectiva de aperto monetário no país fortalece o dólar, ao passo que a libra esterlina cai, pelo quinto dia seguido.

As moedas correlacionadas às commodities também perdem terreno, à medida que o barril do petróleo é cotado abaixo de US$ 43 em Nova York. O cobre, por sua vez, é negociado no menor nível em quatro semanas.


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