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Petróleo volta a ser a bola da vez e mercados fogem do risco


O barril do petróleo negociado em Nova York caiu abaixo de US$ 40 nesta manhã, pela primeira vez desde abril, adentrando a commodity no chamado mercado de baixa (bear market), o que representa uma queda de 20% do preço desde o pico alcançado em junho. Esse fator rouba a cena dos mercados financeiros hoje, que fogem do risco, e coloca em segundo plano a decisão da Austrália de renovar o mínimo histórico da taxa de juros no país, a 1,5%, bem como a expectativa pelo plano de estímulo de US$ 273 bilhões a ser anunciado pelo Japão.

A fraqueza do petróleo, devido aos cortes de preços promovidos pela Arábia Saudita e diante dos aumentos das sondas de perfuração nos Estados Unidos, pesa nas ações de petrolíferas negociadas na Europa. As bolsas da região recuam pelo segundo dia consecutivo e são negociadas nos níveis mais baixos em duas semanas, com os investidores também digerindo a safra de balanços.

Na Ásia, o sinal negativo também prevaleceu - exceto em Xangai, sendo que não houve pregão em Hong Kong por causa de um tufão. Tóquio caiu 1,5%, ao passo que o iene está de lado ante o dólar, assim como o euro. Nos bônus, o rendimento (yield) do título japonês de 10 anos subiu ao maior valor desde março, antes do anúncio de detalhes do pacote de estímulo fiscal no Japão.

Wall Street também está no vermelho, com o declínio do petróleo pesando nos negócios e levando os investidores a acionar o modo "risk off". Esse sentimento deve ditar o rumo dos mercados financeiros hoje, a não ser que a atualização do pacote de estímulo do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, traga alguma surpresa. Os investidores aguardam pelo menos US$ 45 bilhões em gastos extras do governo a fim de impulsionar a economia, enquanto mantêm a perspectiva de política monetária suave ("dovish") dos principais bancos centrais.

Nessa linha, o BC australiano (RBA) reduziu a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual para o recorde de baixa de 1,5%, em uma decisão amplamente esperada, que reflete os níveis baixos da inflação no país e a perda de tração do mercado de trabalho. Em reação, a Bolsa de Sydney caiu, mas o dólar local ("aussie") ganha terreno ante o xará norte-americano. Porém, as moedas de países emergentes e correlacionadas às commodities são penalizadas pela queda do petróleo.

No Brasil, a safra de balanços volta a chamar a atenção, com o Itaú Unibanco divulgado seu resultado trimestral logo cedo. Porém, o aumento das provisões para devedores duvidosos (PDD) no período entre abril e junho, por causa da Oi e da Sete Brasil, deve fazer o lucro do maior banco nacional cair cerca de 20%.

Entre os indicadores econômicos, o resultado da produção industrial em junho, a ser conhecido às 9h, é o grande destaque doméstico. A expectativa é de avanço de pelo menos 1%, em base mensal, marcando o quarto mês consecutivo sem retração da indústria. Se confirmado, o número deve reforçar a perspectiva de estabilização do setor – mas não ainda de recuperação. Tanto que, em base anual, a indústria deve registrar a 28ª taxa negativa consecutiva (desde março de 2014), com recuo de 6%.

Com isso, os números do setor automotivo referentes ao mês de julho também são importantes, por sinalizar uma tendência do desempenho da atividade no início deste terceiro trimestre. Hoje, a Fenabrave informa (11h) os emplacamentos de veículos nas concessionárias; na quinta-feira, a Anfavea anuncia os dados de produção e vendas.

Outro ponto de relevo é a volta aos trabalhos no Congresso. A retomada da agenda política pode servir para mensurar a influência de Michel Temer nas negociações com a base aliada. O problema é que o presidente interino vem concedendo muitos favores, colocando em risco o necessário ajuste fiscal. Desta vez, a aprovação da revisão das dívidas com os Estados ficou condicionada à flexibilização do limite para gastos com pessoal.

Assim, as despesas com funcionários terceirizados, auxílio-moradia e outros benefícios ficaram de fora dos limites exigidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), em alguns casos, por um período de dez anos. Além disso, a votação de medidas importantes – e também impopulares – deve ficar apenas para setembro, pois os processos de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff e de cassação do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, trancam a pauta ao longo deste mês.

O desempenho das montadoras nos Estados Unidos também será conhecido hoje, ao longo do dia. Às 9h30, saem a renda pessoal e os gastos com consumo em junho, que podem dar pistas sobre potenciais pressões inflacionárias nos preços ao consumidor norte-americano, lançando luz sobre os próximos passos do Federal Reserve.

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