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Novo mês, novos capítulos


Os mercados financeiros voltam a funcionar a pleno vapor hoje, após feriados entre o fim da semana passada e o início desta no Brasil e no exterior, o que deve fortalecer os ajustes de carteira dos investidores neste encerramento de maio, antes da chegada do último mês do primeiro semestre. Com a perspectiva de que junho pode ser marcado por um novo aumento na taxa de juros dos Estados Unidos e trazer novos capítulos da crise política envolvendo agora o governo interino de Michel Temer, a cautela tende a predominar nos negócios.

Diante da nova baixa no governo Temer em menos de 20 dias, ao ritmo de uma queda de ministro por semana, o mercado doméstico começa a se preocupar em relação ao andamento da pauta econômica no Congresso, que pode encontrar percalços. E os desdobramentos ainda devem estar por vir, após o acordo firmado entre a Odebrecht e o Ministério Público Federal, que oficializa a delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato.

Agora, tornam-se oficiais as negociações para o detalhamento das doações de todas as campanha majoritárias, que podem incluir informações do ex-presidente da empresa Emílio Odebrecht, pai de Marcelo Odebrecht. Ou seja, nenhum dos grandes partidos (PT, PSDB e PMD) devem ser poupado. O termo assinado não define o número de executivos que irão delatar, mas o total pode chegar a 50.

No exterior, as principais bolsas europeias e os índices futuros em Nova York estão de lado, após o susto com o índice futuro chinês CSI 300, que caiu mais de 10% pouco antes das 11 da manhã (hora local), recuperando todas as perdas praticamente no mesmo minuto. Ao final, o índice subiu 3,35%, ao passo que o índice Xangai Composto teve alta de 3,34%, no maior ganho desde o início de março, em meio a rumores de atuação de "chapa branca".

Entre as moedas, o dólar faz uma pausa após conquistar terreno ante os rivais, mas as perdas ante o dólar australiano, a libra esterlina e o iene japonês hoje, entre outras, não impede a moeda norte-americana de registrar o melhor desempenho mensal desde 2014. A perspectiva de que a economia dos Estados Unidos está forte o suficiente para suportar uma nova alta nos juros impulsiona o dólar, o que enfraquece as commodities.

Os investidores mantêm a aposta de que um novo aperto pelo Federal Reserve deve acontecer em julho, com mais de 50% de chance, enquanto a possibilidade para o movimento ocorrer antes, em junho, estão ao redor de 30%. Seja junho ou julho, o certo é que o Fed deve dar mais um passo no processo de normalização da taxa de juros, pois a economia dos EUA não está em uma condição ruim.

Os dados norte-americanos de hoje sobre a renda pessoal e os gastos com consumo em abril (9h30) podem dar novas pistas sobre o momento exato desse aumento. Além disso, também saem indicadores sobre o setor imobiliário em março (10h), a atividade na indústria (10h45) e a confiança do consumidor (11h) neste mês.

À noite, a China informa o desempenho do setor industrial em maio. Mas o calendário de indicadores começa cedo, com o anúncio de indicadores sobre o emprego e a inflação ao consumidor (CPI) na zona do euro. Apenas na Alemanha, a taxa de desemprego atingiu um recorde de baixa, ao cair a 6,1%, após uma queda de 11 mil pessoas desocupadas no país, totalizando 2,695 milhões.

Internamente, o destaque também fica com os números sobre a taxa de desocupação nos últimos três meses até abril. Porém, no caso brasileiro, o desemprego deve renovar o recorde histórico de alta, ficando um pouco acima de 11%. O número de trabalhadores sem emprego deve encosta-se aos 11,5 milhões.

O dado será divulgado às 9h pelo IBGE, juntamente com os números do índice de preços ao produtor (IPP) no mês passado. Antes, às 8h, a FGV informa as sondagens dos setores industrial e de serviços em maio.

Depois, às 10h30, o Banco Central informa os números consolidados do setor público, que devem confirmar a melhora das contas públicas em abril – embora com um desempenho insuficiente para retirar o saldo do governo do vermelho no acumulado do primeiro quadrimestre de 2016.

No front político, é grande a expectativa pela apresentação da defesa prévia da presidente afastada Dilma Rousseff, amanhã, quando termina o prazo de 20 dias. A previsão do relator da comissão especial do impeachment, Antonio Anastasia, é de que a votação do novo parecer ocorra no dia 27 de julho, com o documento sendo encaminhado ao plenário do Senado até 2 de agosto.

Porém, esses prazos foram contestados pelos senadores que apoiam Dilma, uma vez que correspondem à metade do tempo determinado de afastamento dela (180 dias). Como resultado, o cronograma do relator será votado na comissão nesta quinta-feira. E o mercado também deve aguardar essas novas cenas...


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