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Déficit de R$ 170,5 bi é vitória de Temer


O presidente interino, Michel Temer, saiu vitorioso no primeiro grande teste de apoio do Legislativo ao seu governo. Após mais de 16 horas de sessão, com a agora oposição tentando impedir a votação, foi aprovado o projeto de lei que autoriza um déficit primário de R$ 170,5 bilhões neste ano. A votação foi simbólica, mas a vitória de ontem quarta-feira foi um importante sinal de que Temer tem o Congresso como aliado para conduzir as medidas econômicas anunciadas ontem - e as outras que estão por vir.

Assim, os mercados domésticos vão comemorar esse resultado positivo para o governo interino, recebendo ainda impulso o apetite por risco que prevalece nos mercados internacionais. As bolsas e commodities avançam, ao passo que o dólar recua, em meio ao otimismo com a recuperação da economia norte-americana.

Apesar dos sinais de que os Estados Unidos são capazes de suportar mais aperto monetário, os investidores estão relutantes em acreditar que o Federal Reserve está prestes em promover uma nova alta nos juros. Mesmo após integrantes do Fed endurecem o discurso, o mercado ainda não precifica, majoritariamente, aumento nos Fed Funds em junho ou julho, mas o juro da T-note de 10 anos segue no ponto mais alto em três semanas.

Em meio a esses sinais mistos, o barril do petróleo é negociado acima de US$ 49, enquanto o ouro recua pelo sexto dia seguido - na sequência mais longa desde novembro, diante do recuo do dólar. O destaque nas moedas é o yuan, que é negociado no menor nível em três meses, após o Banco Central chinês (PBoC) definir a menor taxa de paridade central em cinco anos.

Nas bolsas, os ganhos firmes em Hong Kong (+2,71%) e em Tóquio (+1,57%) se espalharam pela Europa, um dia após o rali do índice Stoxx 600. O avanço do índice alemão Ifo sobre a confiança dos empresários dá ritmo aos negócios, ao subir a 107,7 em maio, ante previsão de 106,8. Também ajuda o acordo firmado entre a Grécia e a zona do euro para liberar mais socorro financeiro ao país mediterrâneo.

Esse comportamento lá fora deve animar os mercados por aqui, após a ansiedade vista ontem nos negócios, que manteve o dólar próximo à marca de R$ 3,60, enquanto a Bovespa acumulou seis quedas em oito sessões, ficando abaixo do nível dos 50 mil pontos pela terceira vez consecutiva, nos menores níveis desde o início de abril.

Os investidores estavam tão ansiosos em relação à votação, dando como certa a aprovação, que pouco se debruçaram sobre a política econômica do agora ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Em linhas gerais, a proposta do ex-BC combina arrocho social (saúde e educação) e fim da "poupança" do pré-sal com indexação do gasto público e uso do dinheiro devido do BNDES para abater a dívida do governo. Além disso, Meirelles reafirmou que haverá uma reforma da Previdência, mas não deu detalhes. Já sobre a reforma trabalhista, que visa leis mais flexíveis para o empregador, ele nem falou, deixando a melhora do ambiente de negócios e da produtividade para outro momento.

Ainda assim, a véspera de feriado no Brasil pode trazer um pouco de cautela, uma vez que o pregão funciona a meio mastro na sexta-feira, dia em que a presidente do Fed, Janet Yellen, discursa e que serão conhecidos novos números sobre o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA nos três primeiros meses deste ano. A espera por esses eventos pode refrear o ímpeto dos mercados domésticos durante a tarde.

Além disso, novos desdobramentos das gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado pode causar novo mal-estar. Segundo informações na imprensa, em conversa gravada, o presidente do Senado, Renan Calheiros, teria dito que apoia uma mudança na lei que trata da delação premiada, de modo a impedir que um preso de torne delator.

Renan também teria sugerido que poderia negociar com membros do Supremo Tribunal Federal (STF) a transição de governo após o afastamento da presidente Dilma Rousseff. Trata-se de um novo capítulo na crise instaurada no governo interino, menos de 15 dias após a posse e com o prazo de 180 dias ainda em curso.

Na agenda econômica, o calendário do dia está carregado. As divulgações começam cedo, às 8h, com as sondagens dos setores da construção civil e do comércio, além do índice de custos na construção (INCC-M). Logo pela manhã, a Fipe informou que os preços ao consumidor em São Paulo acelerou a 0,50% na terceira prévia de maio, de 0,41% na leitura anterior do mês.

Depois, o Banco Central informa os números sobre as operações de crédito (10h30) em abril e também os dados semanais do fluxo cambial (12h30). À tarde, às 16h, sai o resultado líquido entre demissões e contrações de emprego formal no país (Caged) no mês passado.

No exterior, saem a leitura preliminar de maio do índice de atividade no setor de serviços nos Estados Unidos (10h45), e os estoques semanais norte-americanos da commodity e seus derivados (11h30).


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