China traz alívio com o fim do circuit breaker
A decisão da China de suspender o circuit breaker serviu para acalmar os negócios por lá hoje. O uso do mecanismo recém-adotado de interrupção dos negócios, em casos de movimentos exagerados, não estava funcionando como o esperado. Sem ele, a resposta da Bolsa de Xangai foi de alta ao redor de 2%, o que abre espaço para uma recuperação dos ativos globais, em dia dados de inflação no Brasil (IPCA) e de emprego nos Estados Unidos (payroll).
O circuit breaker no mercado acionário chinês, que interrompe os negócios por 15 minutos após uma queda de 5% no CSI 300 e que paralisa o pregão para o restante do dia quando o índice que replica a performance de ações dos índices Xangai Composto e Shenzhen recua 7% ou mais, foi muito criticado por exacerbar as perdas. Ao contrário da intenção inicial de estabilizar os negócios, o mecanismo teria levado os investidores – pessoa física, principalmente – a desfazerem suas posições como em um “efeito manada”.
Nesta sexta-feira, porém, a compra de ações por fundos estatais controlou a volatilidade na sessão e garantiu um rali nas bolsas da China, ao mesmo tempo que o Banco Central chinês (PBoC) encerrou uma sequência de oito dias consecutivos de intervenção na moeda local, deixando o yuan flutuar mais livremente hoje. No mercado onshore, houve um ligeiro ganho frente ao dólar, após um taxa diária de referência levemente mais alta.
Esse alívio se espalhou pela Ásia, com exceção de Tóquio, que caiu 0,4% hoje, mostrando que a sensação em relação à China ainda é frágil e que o risco segue elevado, com as autoridades de Pequim mudando as regras a todo o instante e alimentando incertezas. Ainda assim, os mercados emergentes interromperam o pior início de ano em décadas, com as moedas desses países se recuperando, com o fim do contágio chinês - o que deve beneficiar a Bovespa e o real brasileiro hoje.
O won sul-coreano subiu pela primeira vez neste ano, assim como o peso mexicano, que caía há cinco dias. O ringgit malaio e a rupia indiana também avançam. Entre as bolsas, a da Tailândia cresceu 1%, enquanto as da Coreia do Sul e Índia subiram pelo menos 0,5%. As commodities também passam por uma correção, após sofrerem com a turbulência chinesa. O petróleo volta ao patamar de US$ 34 por barril.
No Ocidente, o temor quanto à desaceleração da segunda maior economia do mundo persiste, com os investidores ainda mostrando cautela. Porém, os índices futuros das bolsas de Nova York têm ganhos firmes nesta manhã, de mais de 1%, após as medidas adotadas na China servirem para acalmar os nervos. Na Europa, as bolsas têm ganhos mais moderados.
Esse ambiente de menor aversão ao risco permite ao mercados deslocar o foco para a agenda econômica do dia, que está carregada hoje, tanto no Brasil quanto no exterior. Por aqui, o dia começa com a divulgação, às 9 horas, do índice nacional de preços ao consumidor amplo (IPCA), que deve ter ganhado força em dezembro pela quarta vez consecutiva, na maior alta para o mês desde 2002, encerrando 2015 colado aos 11%, em patamares não vistos também desde aquele ano.
A mediana das estimativas é de alta mensal de 1,05%, com o IPCA fechando o ano passado com +10,8%. A aceleração do dado entre novembro e dezembro é explicada pelo aumento dos preços de alimentos e também pela chamada inflação de serviços. Lembrando que em janeiro de 2016, o índice tende a seguir em alta, por causa dos reajustes nas tarifas de ônibus urbano.
Enquanto os investidores domésticos digerem os dados efetivos a serem conhecidos pelo IBGE, os mercados financeiros se preparam para o relatório oficial do mercado de trabalho norte-americano (payroll), que deve manter a geração de 200 mil vagas ao mês, criando pouco mais de 2,5 milhões de empregos no país no acumulado de 2015.
Os números oficiais saem às 11h30 e podem mostrar a melhor performance na abertura de postos de trabalho no país desde o fim dos anos 90, quando foram abertas mais de 3 milhões de vagas. A taxa de desemprego, por sua vez, deve ter seguido em 5% ao final do ano passado, mas deve cair abaixo de 4,5% até o fim deste ano.
Ainda na agenda econômica dos EUA, às 13 horas, saem os estoques no atacado em novembro e, às 18 horas, é a vez do crédito ao consumidor no país no mesmo mês.
No fim do dia, a China entra em cena para anunciar índices de preços ao consumidor (CPI) e ao produtor (PPI) em dezembro. Logo cedo, no Brasil, sai o IPC-S da FGV, com os primeiros números da inflação no varejo neste início de ano novo.