China traz novo pânico aos mercados
Menos de meia hora. Foi quanto durou o pregão na China nesta quinta-feira antes de acionar o mecanismo de circuit breaker pela segunda vez nesta semana, encerrando a sessão para o restante do dia. O mercado chinês fechou às 9h59 (hora local), apenas 29 minutos após a abertura, à medida que o índice CSI 300 caiu mais de 7%, após o Banco Central local (PBoC) promover o maior corte desde agosto na taxa de referência diária do yuan, na oitava redução, a 6,5928 por dólar - a menor cotação desde fevereiro de 2011.
A Bolsa de Xangai recuou 7,32%, com o movimento do PBoC alimentando a preocupação de que o crescimento econômico fraco na China está levando as autoridades a desvalorizar a moeda chinesa. O colapso na segunda maior economia global derruba os ativos pelo mundo hoje. Os índices futuros nas bolsas de Nova York têm queda acentuada nesta manhã, de mais de 1,5%, em meio à turbulência vinda da China, ao passo que as principais bolsas europeias continuam sendo sugadas pelo drama no restante do mundo - sem resolver os seus próprios problemas.
Para o megainvestidor George Soros, a atual crise no mercado financeiro ecoa 2008, com as moedas ações e commodities sob fogo cruzado, e os investidores precisam ser muito cautelosos. O sinal negativo se espalhou por toda a Ásia, com perdas de mais de 2% em Tóquio e de quase 3% em Hong Kong, enquanto o petróleo cai abaixo de US$ 33 em Nova York e os metais básicos derretem. As moedas de países emergentes estão em queda livre.
Esse movimento tende a intensificar as fortes perdas globais já registradas da véspera. Ontem, os índices das bolsas de Nova York fecharam no menor nível em três meses, ao passo que os mercados acionários emergentes, entre eles a Bovespa, são negociados nos valores mais baixos desde 2009. A combinação de desaceleração econômica na China com o ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos explica esse movimento.
Mas é a queda nos preços das commodities o principal componente que explica essa perda de atratividade das economias em desenvolvimento, com o barril de petróleo cotado nas mínimas desde o início dos anos 2000. Já as moedas desses países estão em patamares históricos de baixa, em meio à busca por proteção no dólar e também nas Treasuries.
O fato é que os mercados repetem movimentos vistos em agosto de 2015, quando a maxidesvalorização do yuan chinês trouxe pânico aos negócios e provocou uma fuga em massa rumo a ativos seguros. Agora, os investidores estão certos de que a situação econômica chinesa é tão ruim quanto se pensava, ao passo que o conforto com um gradualismo por parte do Federal Reserve no aumento dos juros dos EUA perdeu vigor.
Para o Banco Mundial, a economia global vai estalar brasas ao longo deste ano, com uma desaceleração prolongada da China, um tombo nas commodities e contrações agudas no Brasil e na Rússia. A entidade reduziu a previsão de expansão econômica em 2016 para 2,9%, de 3,3% antes, ante avanço de 2,4% em 2015. A economia brasileira deve cair 2,5%, segundo o Banco Mundial, e a russa deve recuar 0,7%, enquanto o crescimento chinês deve vir abaixo de 7%, com alta de 6,7% neste ano.
Em meio a esse mosaico de medo no início deste novo ano, os investidores também acompanham as divulgações de indicadores econômicos, que segue intensa nesta quinta-feira. Logo cedo, a Fipe informou que seu IPC subiu 0,91% na terceira leitura de dezembro.
Na sequência, a FGV informa o IGP-DI do mês passado, que também deve perder força, registrando inflação de 0,45%, ante alta de 1,19% no mês anterior. Contudo, o índice acumulado em 2015 deve subir a 10,7%, de uma leitura de 10,64% nos 12 meses encerrados em novembro.
Os números efetivos serão conhecidos às 8 horas. Depois, às 9h, o IBGE anuncia os dados de novembro da produção industrial, que deve cair pelo sexto mês seguido, na nona retração da atividade desde o início de 2015. A previsão é de queda mensal de 0,80%. Na comparação anual, a indústria deve ter a 21ª taxa negativa consecutiva, com -10,50%.
Ainda internamente, a Anfavea informa, às 11h20, os números do setor automotivo em dezembro e no acumulado de 2015, que devem mostrar fortes quedas na produção e nas vendas de veículos. Entre os eventos de relevo, a presidente Dilma Rousseff toma café da manhã com jornalistas, a partir das 9 horas.
No exterior, as atenções se voltam para índices de confiança, varejo e emprego na zona do euro no fim do ano passado (8h), ao passo que nos Estados Unidos saem apenas os pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos no país (11h30).