Tempo fecha no fim do mês
O mês de novembro chega ao fim nesta segunda-feira e a semana promete ser intensa nos mercados financeiros, com indicadores e eventos econômicos de peso no Brasil e no exterior, além de fortes movimentações em Brasília. A possibilidade de o governo Dilma anunciar hoje a paralisia da máquina federal deve manter a tensão política elevada, enquanto uma sessão volátil na China testou os nervos dos ativos de risco.
A Bolsa de Xangai fechou em leve alta de 0,25% hoje, zerando perdas de mais de 3% no pregão, com a recuperação liderada pelas ações dos maiores bancos chineses, o que elevou a especulação de nova intervenção de Pequim, a fim de evitar outra queda de 5,5%. O yuan chinês também se recuperou das perdas mais cedo, antes da decisão do Fundo Monetário Internacional (FMI) hoje sobre a inclusão da moeda em uma cesta de divisas referenciais.
Apesar da melhora na China - Hong Kong subiu 0,16% - o sinal negativo prevaleceu nos demais mercados asiáticos e também entre os ativos de países emergentes. A rupia indonésia e o won sul-coreano lideram as perdas entre as moedas, enfraquecendo-se pelo quarto dia seguido, ao passo que o euro registra a maior perda mensal desde março, antes da adoção de mais estímulos pelo Banco Central Europeu (BCE). Nas commodities, o minério de ferro testa a marca de US$ 40, mas o cobre avança, e o petróleo está de lado.
No Ocidente, as perdas também predominam entre os índices futuros das bolsas de Nova York e as principais bolsas europeias, neste dia tenso por causa do início da Conferência do Clima em Paris, que reúne mais de 140 líderes e chefes de Estado. A sensação de suspense marca o início do evento, apenas três semanas após os atentados na capital francesa, ao mesmo tempo que a Rússia adotou sanções contra a Turquia após o abatimento de um caça.
É sob esse ambiente de maior cautela e aversão ao risco que os investidores promovem os ajustes finais do mês, tendo como maior componente negativo o cenário político e fiscal. A Bovespa e o dólar sentiram essa piora na última sexta-feira, quando a renda variável zerou os ganhos do mês e a moeda norte-americana ultrapassou a marca de R$ 3,80. Mas o fim de semana trouxe novidades sobre o tema, o que deve manter a pressão nos negócios.
O governo federal deve anunciar um corte de cerca de R$ 10 bilhões no Orçamento hoje, desligando a máquina pública a partir de amanhã e até que a nova meta fiscal seja aprovada no Congresso. A expectativa é de que a sessão conjunta para deliberar o tema aconteça nesta semana, passada a "ressaca" após a prisão do senador petista Delcídio do Amaral, no âmbito da Lava Jato.
Sobre a Operação da Polícia Federal, o relator do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Teori Zavascki, converteu em prisão preventiva a detenção do banqueiro André Esteves, atendendo a um pedido feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Na esteira da decisão, o empresário bilionário renunciou a todos os cargos detidos no BTG Pactual. Os principais executivos do banco dividirão as funções de Esteves.
Além disso, uma anotação apreendida pela PGR aponta que o BTG Pactual pagou R$ 45 milhões ao presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha, a fim de que uma emenda provisória, ligada à massa falida do banco Bamerindus, fosse aprovada nos moldes desejados pelo BTG. O valor também possuía como destinatário outros parlamentares do PMDB.
Mas na Casa, a proposta de Cunha para hoje é ler os pareceres dos pedidos de impeachment contra o mandato da presidente Dilma Rousseff. Ela, aliás, está em Paris, onde participa hoje da Conferência do Clima (COP 21). No fim de semana, Dilma teve encontros bilaterais.
Já na pauta econômica, as atenções se dividem entre a terceira queda seguida do Produto Interno Bruto (PIB), amanhã, e a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), na quinta-feira. Lá fora, a expectativa recai nos estímulos adicionais a serem adotados pelo Banco Central Europeu (BCE) e nos números de novembro do mercado de trabalho norte-americano (payroll), no fim da semana.
Além disso, a presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, discursa duas vezes - uma delas, perante o Senado. Já a indústria chinesa deve continuar mostrando retração, nesta noite, quando saem as leituras finais de novembro dos índices oficiais dos gerentes de compras (PMI) dos setores industrial e de serviços.
Para hoje, saem dados de atividade (12h45) e sobre o mercado imobiliário nos Estados Unidos (13h) e também sobre a inflação ao consumidor alemão (11h). Na agenda doméstica dia, o Banco Central publica o Boletim Focus às 8h30 e, às 10h30, anuncia o resultado primário do setor público em outubro. Após o déficit de R$ 12,3 bilhões apenas do governo central, o déficit consolidado deve ser ainda maior, elevando a expectativa pela votação da pauta fiscal no Congresso nesta semana.