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Fed também manda recado, em dia de PIB dos EUA


Não foi só o Banco Central brasileiro que mandou recado ao mercado financeiro ontem. A presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, discursou na noite de quinta-feira e afirmou que a maioria dos integrantes do Fed, incluindo ela própria, acha apropriada uma alta inicial dos juros dos Estados Unidos ainda neste ano, seguida por um ritmo gradual de aperto depois disso. Os investidores perceberam um tom suave ("dovish") na mensagem, o que embute ganhos acelerados em Wall Street e na Europa, enquanto o dólar avança.

A moeda norte-americana pode, então, abrir o pregão local de hoje pressionada, mas o movimento tende a ser mais contido ante o observado na véspera, quando logo na abertura da sessão o dólar saltou para além de R$ 4,20. A fala do presidente do BC, Alexandre Tombini, foi fundamental para inverter a tendência do câmbio, que acabou fechando abaixo de R$ 4,00, na maior queda diária desde maio de 2010.

Um anúncio de leilão extraordinário de títulos públicos pelo Tesouro Nacional, no fim do dia, potencializou a retomada do real. A ação coordenada pelos órgãos foi uma sinalização importante para os investidores, mas o mercado local sabe que não adianta ficar "só no gogó" - é preciso também de ações.

Porém, o anúncio da reforma ministerial foi adiado pela presidente Dilma Rousseff para a próxima terça-feira, diante do impasse com o PMDB e das dificuldades para acomodar os ministros aliados do vice-presidente, Michel Temer. Ontem à noite, ela embarcou para os Estados Unidos, onde participa hoje de sessões preparatórias da Assembleia-Geral das Nações Unidas.

Dilma fará o tradicional discurso de abertura na sede da ONU na próxima segunda-feira, mas antes de sair do Brasil deixou assinado decreto que veta o financiamento privado a campanhas, que havia sido aprovado no Congresso. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, torce para não haver acordo entre o PMDB e o governo em relação à reforma.

Enquanto Cunha tenta dar continuidade à pauta do impeachment na Casa, o presidente do Senado, Renan Calheiros, convocou para a quarta-feira da semana que vem, às 11h30, uma nova sessão conjunta no Congresso para concluir a apreciação de vetos presidenciais. A intenção de Renan é fazer essa análise o mais rápido possível, pois a incerteza em relação aos vetos tem causado turbulência nos mercados domésticos.

Para o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, apesar de todo o "ruído" e das dificuldades que o Brasil enfrenta, a estratégia de retomada do crescimento está traçada e a economia do país já está se reequilibrando, a partir das medidas tomadas pelo governo, como o realismo dos preços, o compromisso fiscal, a necessidade de controlar a inflação e a melhora das contas externas Ainda assim, o temor quanto a um rebaixamento do rating soberano do país pela Fitch continua.

Hoje, Tombini e Levy têm apenas compromissos internos. A agenda doméstica, aliás, está mais fraca hoje, e traz apenas dados da FGV e da CNI sobre a construção civil. Logo cedo, a Fipe informou que seu IPC subiu 0,57% na terceira prévia de setembro, acelerando-se ante a alta de 0,47% na leitura anterior.

Com isso, as atenções ficam concentradas no anúncio da terceira e última leitura do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA no segundo trimestre deste ano. As expectativas são de manutenção da taxa apontada na prévia anterior, de +3,7% no dado anualizado, mostrando o fortalecimento da maior economia do mundo. O resultado oficial será conhecido às 9h30. Depois, às 11 horas, é a vez do índice de confiança do consumidor norte-americano em setembro, medido pela Universidade de Michigan.

À espera desses números, os índices futuros das bolsas de Nova York sobem cerca de 1% nesta manhã, diante da percepção de um tom suave na fala de Yellen. Os investidores comemoram o fato de ela não se ater a uma data específica para promover a primeira alta nos Fed Funds desde 2006, mas reiterar a possibilidade de apertar os juros dos EUA ainda neste ano.

As principais bolsas europeias acompanham o movimento, com ganhos de mais de 2%, uma vez que os comentários de Yellen esclareceram a estratégia do Fed. Na semana passada, os investidores ficaram confusos em relação à trajetória da taxa básica nos EUA, o que elevou a volatilidade nos ativos. O dólar, por sua vez, tem ganhos generalizados ante os rivais.

O destaque entre as moedas fica com o yuan, que registrou o maior ganho em uma semana nas negociações offshore, diante das especulações de que o BC chinês (PBOC) estaria sustentando a moeda local em meio ao encontro entre os presidentes Barack Obama e Xi Jinping. A Bolsa de Xangai, ao contrário do informado, funcionou hoje e fechou em queda de 1,6%, zerando a valorização na semana.

Relatos de que a saída de recursos estrangeiros na China bateu recorde em agosto, totalizando mais de US$ 140 bilhões, pesou nos negócios em Xangai. A paralisação do mercado acionário chinês começa a partir de 1º de Outubro, quando tem início um longo feriado no país. Nos demais mercados asiáticos, as bolsas de Hong Kong (+0,46%) e Tóquio subiram (+1,76%), o que garantiu certa tração entre os ativos emergentes. O ringgit malaio, porém, caiu ao nível mais baixo desde 1998.

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