Levy diz que fica, mas destaque é emprego nos EUA
Desfeitos os rumores de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, deixaria o cargo, em meio ao desconforto com um possível isolamento no governo, ele embarcou ainda na madrugada desta sexta-feira para a Turquia, onde acontece o encontro das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia, o G20. Ao deixar o prédio do Ministério, ontem em Brasília, Levy disse apenas que ia "trabalhar".
Na capital, Ancara, Levy tem reunião com ministros das Finanças e presidentes dos bancos centrais do G20. O encontro também contará com a presença da autoridade monetária brasileira, Alexandre Tombini. Com a situação de Levy resolvida - embora a "unidade" da equipe econômica ainda precise ser provada na prática - o foco dos mercados domésticos deve se deslocar ao exterior.
Por lá, o feriado na China prossegue hoje, mas o alívio visto na véspera dá lugar à cautela, diante da expectativa pela divulgação do sempre aguardado relatório oficial do mercado de trabalho nos Estados Unidos. O chamado payroll está entre as últimas publicações capazes de dar pistas em relação ao Federal Reserve, antes da reunião em meados deste mês.
O dado será divulgado às 9h30 e as expectativas são de criação de 217 mil vagas nos EUA em agosto, de 215 mil no mês anterior, com a taxa de desemprego oscilando em baixa a 5,2%, de 5,3% em julho. Porém, ainda que esses números robustos sejam confirmados, as chances de o Fed promover a primeira alta no juro norte-americano desde 2006 em setembro recuam cada vez mais. Ontem, a precificação na curva caiu para cerca de 30%, impactada pela piora na previsão de crescimento econômico pelo Banco Central Europeu (BCE) e ainda sob efeito da recente turbulência chinesa.
À espera desse único indicador do dia nos EUA, os índices futuros das bolsas de Nova York recuam nesta manhã, ao passo que o juro da T-note de 10 anos avança a 2,13%. É bom lembrar que, assim como no Brasil, a próxima segunda-feira também é feriado no EUA, pelo Dia do Trabalho, o que tende a diminuir o posicionamento dos investidores em ativos mais arriscados ao longo da sessão de hoje - tanto aqui quanto em Wall Street.
As principais bolsas europeias também exibem perdas nesta manhã, de mais de 1%, ainda digerindo os números preliminares do Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro no segundo trimestre deste ano. O índice Stoxx Europe 600 caminha para a terceira semana seguida de queda, após registrar em agosto a pior performance mensal desde 2011.
Também contribui para adicionar ansiedade aos negócios a queda maior que a esperada das encomendas às indústrias na Alemanha, em -1,4% em julho, sinalizando que o crescimento na maior economia da Europa segue irregular. A previsão era de queda menor, de -0,6%.
Na Ásia, o sinal negativo também prevaleceu, com o fortalecimento do iene prejudicando Tóquio e determinando uma queda de 2,15% do índice Nikkei 225, que acabou fechando no menor nível desde fevereiro. Na semana, a Bolsa japonesa tombou 7%, no maior recuo para o período desde abril de 2014. Ainda na região, a Bolsa de Hong Kong cedeu 0,45%.
Já na agenda doméstica, o calendário está mais fraco e reserva apenas a divulgação, às 8 horas, do IGP-DI de agosto, que deve desacelerar para a faixa de 0,3% (na mediana), de +0,58% em julho. O acumulado em 12 meses, porém, deve acelerar a 7,7%. Outro ponto de relevo são os números do mês passado da Anfavea sobre o setor automotivo, às 11 horas. Por fim, a presidente Dilma Rousseff cumpre agenda oficial na Paraíba.