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O dia depois dos protestos


A cautela que prevaleceu nos mercados domésticos na sexta-feira passada, antes dos protestos de domingo, deve ser substituída hoje por um tom mais duro nos negócios locais. Afinal, as manifestações contra o governo Dilma se espalharam em todos os Estados do país e também no Distrito Federal. O número de manifestantes superou o do ato de abril, porém, ficou abaixo do total de março.

Os protestos estiveram concentrados no eixo Rio-São Paulo, mas ocorreu em todas as capitais - exceto em Porto Velho. Na Avenida Paulista, o público chegou a 135 mil pessoas, elevando para 465 mil o total de manifestantes no Estado. Já na zona sul carioca, a orla de Copacabana estava repleta de faixas pró-impeachment ou renúncia da presidente Dilma Rousseff. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também foi alvo, enquanto elogios eram feitos ao juiz Sérgio Moro, da Operação Lava Jato.

A manifestação deve ser o tema central da reunião de coordenação política, que acontece tradicionalmente às segundas-feiras, às 9 horas. Na pauta do encontro, o governo deve tentar "abafar" o efeito dos protestos, uma vez que fora SP e Rio, dados do Planalto indicam a participação de cerca de 200 mil pessoas. Para o governo, os números confirmam as previsões de um dia de manifestações importantes, porém com menos adesão que nos protestos anteriores.

O foco do governo, portanto, deve seguir na tentativa de buscar uma agenda positiva para superar a crise econômica, que tem minado a popularidade de Dilma. Hoje, às 19h30, ela se reúne com lideranças da Câmara dos Deputados.

Na agenda econômica do dia, saem as também tradicionais divulgações: Pesquisa Focus (8h30) e balança comercial semanal (15h). Às 8h, a FGV informa mais uma leitura do mês do IPC-S. Na semana, as atenções se voltam para os números do IBGE sobre o desemprego (quinta-feira) e sobre a prévia da inflação oficial no país, medida pelo IPCA-15 (sexta-feira).

Já na Bovespa, que abre a segunda-feira no menor nível desde janeiro, terá uma sessão marcada pelo vencimento de opções sobre ações, além da segunda prévia da principal carteira teórica do mercado acionário local. No exterior, as principais bolsas estão no azul, com os investidores se recompondo após o novo susto com a China na semana passada.

O índice Xangai Composto subiu 0,72% hoje, mas a Bolsa de Hong Kong caiu 0,73%, com os investidores estrangeiros retirando seus recursos em meio à preocupação sobre as perspectivas mais fracas para o yuan e o crescimento econômico chinês. A Bolsa de Tóquio, contudo, subiu 0,49%, após o PIB japonês encolher menos que o esperado, a uma taxa anualizada de 1,6% no segundo trimestre deste ano ante previsão de -1,8%.

Ainda na região Ásia-Pacífico, a Bolsa de Seul caiu 0,8%, mas a de Sydney ganhou 0,2%. Entre os mercados emergentes, o índice MSCI caiu ao nível mais baixo desde outubro de 2011, com as moedas desses países pressionadas pela expectativa de aumento do fluxo de saída de capital.

Já na Europa, as principais bolsas da região exibem ganhos, recuperando-se depois de registrarem a maior perda semanal em mais de um mês. As ações de empresas ligadas à indústria lideram a alta, sendo que a aprovação do terceiro pacote de resgate à Grécia estimula o apetite por risco. A Bolsa de Atenas subia cerca de 1,5%, mais cedo, após a chanceler alemã, Angela Merkel, se dizer confiante de que o FMI irá se juntar ao programa de ajuda financeira ao país mediterrâneo.

Na agenda da semana, dados de atividade na indústria chinesa e europeia serão conhecidos, além do sentimento do consumidor na zona do euro. Nos Estados Unidos, o destaque fica com a ata da reunião de política monetária de julho do Federal Reserve, na quarta-feira. Dados de atividade, inflação e sobre o setor de construção também serão conhecidos.

Por ora, os índices futuros das bolsas de Nova York têm um ligeiro viés de baixa, pressionados pela queda livre dos preços do barril de petróleo, agora abaixo de US$ 42. Os metais básicos também recuam.


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