Bradesco vai às compras e governo estuda economizar
O mês de agosto começa com perdas na Bolsa de Xangai, após indicadores mostrarem perda de tração da atividade industrial chinesa em julho, e um tombo na Bolsa de Atenas, que cai mais de 20% nesta manhã após ficar fechada por cinco semanas. Mas a novidade desta segunda-feira vem do noticiário corporativo, com o Bradesco confirmando a compra da filial brasileira do HSBC, por US$ 5,2 bilhões.
O acordo teria sido fechado na última sexta-feira, sendo que o fim de semana serviu para acertar os detalhes. O valor do negócio ficou acima do esperado pelo mercado, que projetava algo em torno de US$ 4 bilhões, e aproxima o Bradesco do Itaú no ranking por ativos entre os bancos privados.
O anúncio da operação foi acompanhado da divulgação do balanço global do HSBC, cujas ações oscilam em alta na Bolsa de Londres, na esteira do crescimento de 10% no lucro antes de impostos do maior banco da Europa nos seis primeiros meses do ano. Contudo, o índice FTSE 100 é penalizado pelas perdas entre as mineradoras, após a decepção com a China. No Reino Unido, o dado da indústria subiu mais que o esperado.
As demais praças europeias também se agitam com a safra de balanços e ensaiam um tom positivo, ao mesmo tempo que monitoram a volta do pregão em Atenas. A Bolsa grega abriu com queda de 23% hoje, na sessão de reabertura após uma parada de cinco semanas. As ações dos bancos lideram as perdas.
O euro, por sua vez, é negociado na faixa de US$ 1,10, após o índice dos gerentes de compras (PMI) do bloco da moeda única ficar acima da leitura preliminar de julho e encerrar o mês passado a 52,4. O dado sobre a atividade na Alemanha também ficou acima do previsto.
Já na China, o PMI calculado pelo HSBC caiu à mínima em cinco anos, a 47,8 em julho, ao passo que, no dado oficial, o índice voltou ao nível mais baixo em dois anos, a 50,0. Diante de sinais de que a desaceleração da segunda maior economia do mundo está se aprofundando, a Bolsa de Xangai fechou em queda de 1,1% hoje, no nível mais baixo em três semanas (desde 8 de julho).
Desde 23 de julho, o índice Xangai Composto caiu 12%. Ainda na Ásia, a Bolsa de Tóquio 0,18% e a de Hong Kong perdeu 0,91%, enquanto no Pacífico, a Bolsa de Sydney caiu 0,35%. As commodities metálicas continuam em queda, assim como o petróleo, em meio ao desequilíbrio entre oferta e demanda.
Por fim, em Wall Street, os índices futuros das bolsas de Nova York estão na linha d'água, mas com um ligeiro viés negativo, diante das preocupações com a China e à espera dos indicadores econômicos do dia nos Estados Unidos.
Nesta segunda-feira, o calendário norte-americano está carregado e traz dados sobre a renda pessoal e os gastos com consumo (9h30), além do índice ISM de atividade e dos gastos com construção – ambos às 11 horas. Também são esperadas para hoje as vendas de veículos no país.
Mas o grande destaque no exterior é o relatório oficial do mercado de trabalho nos Estados Unidos (payroll), que sai sempre na primeira sexta-feira de cada mês.
Já no Brasil, o novo mês começa com uma agenda econômica intensa. O destaque no Brasil fica com a ata do Copom, na quinta-feira. O documento será divulgado dois dias após os números da produção industrial em junho e na véspera do anúncio do IPCA de julho, na sexta-feira.
Para hoje, são esperadas as tradicionais divulgações do dia, a Pesquisa Focus (8h30) e os números da balança comercial (15h) em julho. O índice dos gerentes de compras (PMI) da indústria nacional deve ser conhecido às 10 horas. O dado agregado com o setor de serviços sai na quarta-feira.
Entre os eventos de relevo, a presidente Dilma Rousseff participa hoje da também já tradicional reunião do dia de coordenação política, às 9 horas. À noite, às 19h30, ela tem reunião com lideranças partidárias e parlamentares, nesta véspera da retomada das atividades no Congresso. A volta aos trabalhos, amanhã, deve ser marcada por uma pauta carregada de temas importantes.
Em outro front, a presidente Dilma teria pedido ao Ministério do Planejamento um estudo para fazer uma reforma administrativa, buscar cortar gastos no próprio governo. Entre as medidas, estaria acabar com o status de ministros dado a presidentes do Banco Central e ao secretário de Relações Institucionais, entre outros. Há, também, a possibilidade de unificar ministérios, reduzindo ainda o total de cargos comissionados.