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No olho do furacão


O noticiário do fim de semana foi agitado e provoca turbulência no exterior desde cedo, com o furacão que se forma na Grécia ofuscando o relaxamento monetário na China, no sábado. No Brasil, surgem denúncias de doações ilegais em meio à visita da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos, tendo a companhia do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que passa bem, após ter sido internado na sexta-feira à noite.

Hoje é feriado bancário na Grécia e também véspera de um possível calote do governo de Atenas, após filas se formarem no país com a população secando os caixas eletrônicos diante da rejeição, em Bruxelas, do plano de ajuda grego. O primeiro-ministro, Alexis Tspiras, convocou um referendo para o dia 5 de julho sobre as medidas de austeridade propostas pelos credores e disse que fará campanha pelo “não”.

Os bancos gregos devem permanecer fechados até esta data, já que o Banco Central Europeu (BCE) congelou a ajuda emergencial, mantendo-a no nível atual. O Fundo Monetário Internacional (FMI) também negou assistência adicional à Grécia, caso o país mediterrâneo perca o pagamento do dia 30 de junho. Com isso, o BC grego começou a impor controles para evitar uma debandada de capitais.

Diante do risco iminente de um “Grexit”, as principais bolsas europeias derretem, com as ações dos bancos na linha de frente. As perdas em Paris e em Frankfurt superam 3%. Já a Bolsa de Atenas permaneceu fechada hoje e deve seguir assim nos próximos dias.

Entre os bônus, o rendimento (yield) do gilt britânico de 10 anos atingia o nível mais baixo em mais de uma semana, com a escalada da tensão grega elevando a fuga para ativos seguros. O bund alemão de mesmo vencimento saltou para o maior patamar desde novembro de 2011, com o yield caindo a 0,77%, ao passo que o juro do título espanhol de 10 anos registrou a maior alta desde meados do mês, a 2,25%, içando também o papel italiano, a 2,29%.

Já o papel grego de 10 anos registrou um salto histórico, a 14,63%, no maior nível desde dezembro de 2012. Em março daquele mesmo ano, o yield desse título estava em 44,21%, e foi quando a Grécia teve sua dívida reestruturada.

Na Ásia, os mercados também tiveram um tombo, influenciados ainda pelo recuo de 3,3% da Bolsa de Xangai que, enfim, encerrou o seu mais longo mercado de alta (bull market) e entrou em correção. O órgão regulador chinês estaria considerando suspender a onda de ofertas públicas iniciais (IPOs), a fim de estabilizar os negócios.

Ainda na região, as bolsas de Tóquio e de Hong Kong caíram quase 3%, ao passo que o índice MSCI de mercados emergentes recuava cerca de 2,5%, mais cedo. Do outro lado do Atlântico Norte, os índices futuros das bolsas de Nova York têm queda firme, já na faixa de 1%, nesta semana encurtada nos Estados Unidos, devido ao feriado de 4 de Julho, no sábado.

Com isso, o chamado payroll, que sai tradicionalmente na primeira sexta-feira de cada mês, ficou para um dia antes, na quinta - último dia de pregão em Wall Street nesta virada de semestre. Hoje, penúltimo dia do mês, saem dados sobre o setor imobiliário (11h) em maio e a atividade na região de Dallas (11h30) em junho.

No mercado de moedas, o iene se fortalece ante o euro e, de quebra, em relação ao dólar. A moeda única cai para a faixa de US$ 1,10. Nessa busca por proteção, o ouro segue ainda como refúgio, mas o petróleo é penalizado pela letargia do Irã por um acordo nuclear. Já o juro da T-note de 10 anos é impactado pela demanda por segurança e cai a 2,34%, de 2,47% no fechamento anterior.

Entre as divisas emergentes, os dólares da Austrália e da Nova Zelândia sofrem desvalorização, após a China cortar os juros pela quarta vez desde novembro. Desta vez, a taxa referencial para empréstimo foi à mínima histórica, a 4,85%, e a taxa de depósito de um ano caiu a 2%. O compulsório bancário também foi afrouxado, em 0,50 ponto porcentual.

Já a lira turca se enfraqueceu até o nível mais baixo em três semanas ante o dólar, ampliando a desvalorização no ano para 14% - na pior performance entre as moedas emergentes depois apenas do real brasileiro. A moeda local, é bom lembrar, tem sido refém do noticiário chinês, ofuscando os esforços do BC em manter a inflação sob controle. Na semana passada, o real registrou a primeira perda semanal do mês, ao passo que a Bovespa zerou a queda acumulada no período.

Nesta segunda-feira, na agenda doméstica, destaque para a Pesquisa Focus, do BC, às 8h30. Antes, às 8 horas, tem o IGP-M de junho, que deve mostrar inflação 0,65%, na mediana, acelerando-se ante a taxa de 0,41% em maio.

Entre os eventos de relevo, a presidente Dilma Rousseff será recebida hoje na Casa Branca, onde participará de um jantar. Amanhã, ela tem um encontro oficial com o presidente norte-americano, Barack Obama, para o qual disse ter uma expectativa “muito boa”, com o anúncio de vários acordos. Desde ontem, Dilma e Levy tem se reunido com pesos-pesados do setor produtivo e financeiro dos EUA e hoje a agenda se repete com novos compromissos.

No âmbito corporativo, a Petrobras pode promover um corte menor, de 37%, no plano de investimentos até 2019. Esperava-se uma redução drástica, de até 50%. Mas nada ainda é oficial, pois a reunião do Conselho de Administração na sexta-feira terminou sem anúncio. A nova, se aprovada, representa um recuo de US$ 90 bilhões nos investimentos. A conferir.

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