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Tensão no Planalto


As manchetes dos principais jornais do país nesta quarta-feira trazem como destaque uma nova derrota do governo federal no Congresso Nacional. Trata-se da aprovação da chamada “PEC da Bengala”, que, entre outras coisas, reduz a possibilidade da presidente Dilma Rousseff de fazer indicações de ao menos cinco ministros ao Supremo Tribunal Federal (STF) até 2018. Não há possibilidade de veto e o texto, agora, vai para promulgação.

Essa derrota imposta ao Palácio do Planalto ocorreu em meio à decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de colocar, de última hora, a votação da “PEC da Bengala”, no momento em que a Casa estava prestes a iniciar o processo de votação da Medida Provisória 665, a primeira das duas MPs que fazem parte do ajuste fiscal.

Porém, o maior receio do PMDB é apoiar as medidas, que na prática dificultam o acesso a benefícios trabalhistas, e ver o PT votar contra, mantendo assim o discurso de que está ao lado do trabalhador. Esse temor cresceu ontem à noite, após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparecer na tela da TV, durante o programa eleitoral do partido, criticando a proposta que pretende regularizar a mão de obra terceirizada.

Em meio a panelaços e buzinaços em várias cidades brasileiras, o PMDB decidiu não votar as MPs que compõem o ajuste fiscal pretendido pelo governo, até que haja um consenso dentro do PT sobre a questão. Com isso, o Executivo deve montar uma nova força-tarefa para enquadrar a bancada petista e garantir a votação das medidas com o mínimo de alterações possíveis.

Nesta quarta-feira, a presidente Dilma participa, às 10 horas, da cerimônia de lançamento do Plano Nacional de Defesa Agropecuária (PNDA) e, às 17 horas, volta a se reunir com o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa. Já o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tem compromisso apenas na hora do almoço, quando estará na Embaixada do Reino Unido.

Entre os dados econômicos domésticos, o IBGE informa a produção industrial em março, às 9 horas. As previsões vão desde baixa na faixa de 1% a alta de mesma magnitude para o dado mensal; queda intensa ou ligeiro avanço no confronto ante março de 2014, mas recuo no acumulado do primeiro trimestre de 2015. Às 10 horas, sai o índice PMI composto (indústria e serviços) da Markit e, às12h30, é a vez do fluxo cambial semanal. No mesmo horário, sai o IC-Br de abril.

ADP e Fed. No exterior, a agenda de indicadores traz como destaque a pesquisa ADP sobre a geração de postos de trabalho no setor privado dos Estados Unidos em abril (9h15). O dado é visto como um termômetro para o relatório oficial de emprego no país (payroll), que sai na sexta-feira.

O ritmo de contratação no mercado de trabalho norte-americano tende a ajudar os investidores a aferir o momento exato em que o Federal Reserve deve iniciar o processo de aperto da taxa de juros nos EUA. Os dados econômicos recentes do país têm ficado aquém das expectativas, elevando as preocupações de que a alta dos juros pelo Fed ocorra com a economia ainda não madura o suficiente para amortecer os impactos do ciclo de aperto monetário.

Ontem, por exemplo, a maior alta em quase 20 anos no déficit comercial dos EUA revisou para baixo as expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) do país no início de 2015. De uma estagnação no dado preliminar, a nova leitura já deve ser de retração da maior economia do mundo no período.

Em meio às dúvidas sobre se a primeira alta na taxa dos Fed Funds desde 2006 ocorrerá em junho, setembro, dezembro ou só em 2016, as atenções dos investidores se voltam hoje para a conversa que a presidente do Fed, Janet Yellen, terá com a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, nesta manhã. As duas irão participar de um evento em Washington, para o qual Yellen já tem um discurso preparado, que será seguido de um encontro cara a cara com Lagarde.

Por ora, os índices futuros das bolsas de Nova York estão em alta, após a maior queda em Wall Street em mais de um mês, ontem. A recuperação nos preços do petróleo, com o contrato do WTI renovando a máxima do ano, agora a US$ 61 o barril, contribui no apetite por risco.

Já na Europa, as principais bolsas da região estão em alta, assim como o euro. A safra de balanços tenta sustentar os negócios, ao mesmo tempo que os investidores acompanham o desenvolver das negociações sobre a dívida da Grécia. O índice PMI composto da zona do euro, que mostrou leve baixa a 53,9 no mês passado, de 54 no mês anterior, também ajuda no movimento, já que o resultado ficou acima da leitura preliminar de abril, a 53,5.

A Bolsa de Atenas caía, mais cedo, novamente operando na contramão dos demais pares europeus, atenta ao encontro do Conselho do BCE, que se reúne em Frankfurt hoje para discutir um financiamento de emergência aos bancos gregos. Fora da zona do euro, a Bolsa de Londres subia, nesta véspera de eleições gerais no Reino Unido.

Com a disputa do pleito britânico mais acirrada desde 1970, o avanço do índice PMI composto no Reino Unido para o maior nível em oito meses, a 59,5 em abril, de 58,9 em março, pode aliviar a tensão sobre a perda de tração da economia do país. A expectativa para o dado era de queda a 58,5.

Por fim, na Ásia, as bolsas da China deram continuidade à realização de lucros na véspera, com o índice Xangai Composto caindo 1,6% hoje, após recuar 4,1% ontem - na maior queda acumulada em dois dias nos últimos três meses. Segundo operadores, os investidores estão embolsando os ganhos recentes a fim de obter recursos para as várias ofertas públicas inicias de ações (IPOs) programadas para ocorrer em breve.

Além disso, crescem as especulações de que o Banco Central chinês (PBoC) pode adotar medidas monetárias “que o mundo nunca viu”, lançando uma versão própria do programa de relaxamento quantitativo (QE), que permite a compra de bônus dos governos locais. Entre os indicadores, o PMI do setor de serviços chinês subiu a 52,9 em abril, de 52,3 em março, informou o HSBC.


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