China abre semana de agenda cheia com dados fracos de comércio exterior
Os mercados internacionais amanheceram sob pressão nesta segunda-feira, após os números decepcionantes sobre a balança comercial da China, divulgados na madrugada. A fraca demanda global e também doméstica resultou em um superávit comercial chinês de 18,16 bilhões de yuans (US$ 3 bilhões) em março, em meio à queda de 14,6% nas exportações e recuo de 12,3% nas importações, em base anual.
Além disso, o volume total de transações comerciais entre o gigante emergente e o restante do mundo caiu 6% no primeiro trimestre deste ano, na mesma comparação, para 5,54 trilhões de yuans (US$ 902,3 bilhões). Entre os países, o comércio com a União Europeia (UE), o maior parceiro comercial da China, esfriou 2,1% entre janeiro e março de 2015, enquanto com os Estados Unidos, o segundo maior parceiro, aumento 3,2%. Ainda durante o período, as relações comerciais com o Japão recuaram 11%.
Os dados reforçam, como já citado no blog A Bula do Mercado, o desafio chinês pela demanda e trazem dúvidas às vésperas da divulgação de números de primeira grandeza sobre a China, com destaque para o Produto Interno Bruto (PIB) nos três primeiros meses de 2015, na noite de terça-feira. As expectativas giram em torno de uma expansão de 7%, na taxa anualizada, o que seria o ritmo mais lento desde o início de 2009.
Diante dos sinais de desaceleração da segunda maior economia do mundo, as ações de mineradoras têm queda forte na Bolsa de Londres, sob o efeito ainda de um rebaixamento do Citigroup para o setor ligado ao minério de ferro, em um presságio para os papéis da Vale, na Bovespa. As demais praças financeiras europeias, porém, ensaiam ganhos, contrariando o viés negativo para o dia em Wall Street. Por lá, o foco migra para a safra de balanços norte-americana, com destaque para os números trimestrais de grandes bancos.
Entre as commodities, o petróleo recua, com as importações chinesas pela commodity caindo à mínima em quatro meses, ao passo que o cobre avança.
Porém, o aprofundamento dos desafios econômicos na China intensifica as apostas por mais estímulos a serem adotados por Pequim, o que garante um rali entre os mercados emergentes, que caminham para a maior sequência de ganhos em 10 anos. A própria Bolsa de Xangai subiu 2,17%, levando consigo a de Hong Kong, com +2,73%.
O índice Hang Seng, em Hong Kong, fechou em alta pelo 8º dia consecutivo, ficando acima da marca psicológica dos 28 mil pontos pela primeira vez desde dezembro de 2007. Em Londres, nesta manhã, o índice MSCI de mercados emergentes avançava 0,7%, no 11º dia seguido de alta - a mais longa série desde janeiro de 2005.
Entre as moedas, o rublo russo segue em recuperação, ganhando terreno ante o dólar pelo oitavo dia, nas últimas nove sessões. O dólar australiano, por sua vez, mede forças ante o xará norte-americano, ao passo que o euro segue cotado na casa de US$ 1,06. A moeda única europeia estará atenta à reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), na quinta-feira.
Aliás, a semana que fecha a primeira metade do mês de abril reserva uma agenda econômica intensa, seja no Brasil ou no exterior, o que tende a redobrar a cautela entre os investidores, antes do que vem por aí...
Brasil. Internamente, o governo federal preferiu não se pronunciar sobre as manifestações nas ruas de mais de 20 Estados brasileiros e também no Distrito Federal. A adesão aos protestos foi menor do que o observado em meados de março, mas mobilizou até 700 mil pessoas, segundo a polícia.
O assunto pode entrar na pauta da reunião entre a presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente, Michel Temer, a partir das 9 horas. Ele assume a partir de hoje a função de articulador político do governo e deve iniciar as negociações, visando as medidas que serão apreciadas no Congresso Nacional sobre o ajuste fiscal.
Ainda na agenda da Presidência, Dilma reúne-se com representantes do Conselho Nacional de Saúde, enquanto o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, participa de um evento no Centro Tecnológico de Rio Verde (GO). Levy, é bom lembrar, embarca nesta quinta-feira para os EUA, onde vai tentar “vender o Brasil” para os “gringos”.